Bolivianos respondem a catástrofes com curas ancestrais

Bolivianos respondem a catástrofes com curas ancestrais
De  Euronews
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A medicina tradicional pode ajudar em caso de catástrofe? O Aid Zone foi até à Amazónia Boliviana conhecer algumas curandeiras locais.

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A medicina tradicional pode ajudar numcenário de catástrofe natural? O Aid Zone foi até à Amazónia Boliviana conhecer algumas curandeiras, as suas práticas e os segredos das plantas.

No espaço de um século, a Bolívia viveu cerca de 40 cheias de grande dimensão. As inundações já fizeram mais de 140 mil mortos e afetaram 3 milhões de habitantes. Em 2014, o país assistiu às piores cheias em 60 anos. Localidades inteiras foram engolidas por deslizamentos de terras.

Na bacia boliviana do Amazonas, há mais de duas dezenas de comunidades indígenas que são sistematicamente atingidas por inundações. As catástrofes naturais podem isolar localidades como Capaina durante meses. A medicina tradicional é o recurso para tratar os casos mais urgentes. Dona Juanita e Dona Antonia são duas curandeiras locais que conhecem os segredos das plantas.

Aid Zone 4 Bolivia“Quando há um desastre, seja por causa do rio ou do vento, não há dinheiro para ir ao hospital. Esta medicina é uma grande ajuda nas alturas em que tudo acontece. Eu descobri as plantas quando era criança. Ia com a minha avó ao monte buscar cascas de árvore para ferver”, conta-nos Dona Juanita.

#filming in #rurrenabaque#bolivia. traditional #medicine's role facing #floods. A travel through time in remote #Bolivia in July #aidzonepic.twitter.com/2YQmPIUEP1

— Monica Pinna (@_MonicaPinna) 19 juin 2017

Partilhar o saber, comparar receitas

Dona Juanita e Dona Antonia trabalham de perto com uma ONG, chamada Soluciones Prácticas, que é apoiada pelo Gabinete Europeu de Ajuda Humanitária. Juntos tentam dar uma nova vida a práticas ancestrais.

“Há séculos que estas práticas existem, de forma empírica. Aquilo que estamos a tentar fazer é dar-lhes uma base legal e científica. Fizemos um inventário das plantas medicinais que há. São mais de cem. Mas há muitas outras que estão por identificar. E nós vamos continuar o nosso trabalho”, afirma Victor Yapu, da Soluciones Prácticas.

Essa listagem serve de ponto de partida para um reconhecimento oficial por parte do sistema de saúde. Esta ONG está a tentar proteger e disseminar os conhecimentos acumulados ao longo do tempo. Outra das etapas é fazer com que estas curandeiras partilhem o seu saber e comparem métodos, receitas e tratamentos.

A medicina tradicional é uma das vertentes de um vasto projeto destinado a proteger a diversidade das comunidades étnicas da Bolívia. “Há certas comunidades indígenas que são autóctones, são daqui. Outras vieram dos planaltos, de variadas zonas do país. É importante que os recém-chegados possam também aceder a estes conhecimentos. A desflorestação faz com que com as plantas medicinais se afastem progressivamente. Por isso é que o projeto incentiva também à recolha de plantas e sementes para semeá-las de novo junto às comunidades, para que não tenham de ir à floresta afastada em caso de emergência”, explica Pablo Torrealba, do Gabinete Europeu de Ajuda Humanitária.

Um dos objetivos é então a partilha de conhecimentos com as novas gerações e a divulgação das práticas. Exemplo disso é a feira de Rurrenabaque.

Uma vez por semana, Dona Juanita e Dona Antonia fazem uma viagem de 20 minutos de barco para venderem os remédios caseiros que fazem. “Vendo um pouco de tudo. Trago aquilo que as pessoas me pedem”, diz-nos Dona Antonia.

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