Mais aquecimento climático, mais furacões?

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A euronews entrevistou Jean Jouzel, perito em climatologia e ambiente, sobre o Irma e o futuro quanto a estes fenómenos naturais

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Um furacão seis vezes maior que Portugal, de intensidade inigualada. O Irma vai ficar muito tempo na memória coletiva.

Como se produz um fenómeno destes?

A euronews perguntou a Jean Jouzel, climatologista internacional do Grupo intergovernamental de peritos sobre evolução climática e pesquisador emérito das ciências do clima e do ambiente:

Jean Jouzel (JJ): As temperaturas mais elevadas, geralmente arrastam mais vapor de água na massa de ar respectiva e quando essa massa de ar forma as precipitações, ela liberta energia, logo quanto mais vapor de água há, mais a temperatura do oceano sobe, mais energia há nos ciclones. Então vemos bem que estes ciclones como o Irma, que partem das costas de África e que se deslocam na trajectória sobre zonas muito quentes- e falamos de zonas oceânicas superiores a 30 graus – é um dos factores, realmente, na origem da força 5 deste ciclone Irma.

Se o aquecimento dos oceanos contribui para a formação dos ciclones, o aquecimento climático que efeitos tem? Para Jean Jouzel, a ligação não pode ainda ser formalmente estabelecida cientificamente, mas é um factor agravante:

Jean Jouzel: Não estabelecemos uma relação causa-efeito, simplesmente porque não temos dados suficientes. Temos dados apenas desde há 50 anos e não sabemos dizer se no século XVIII não havia ciclones desta envergadura. Mas destaca-se a ideia de que com um clima mais quente, pelas razões já explicadas, os ciclones podem tornar-se mais intensos. Falamos de 20 por cento mais de precipitação, de ventos que podem aumentar em 10 por cento a intensidade num clima mais quente. Vemos claramente que com a elevação do nível do mar nas regiões costeiras, são estes os parâmetros na origem do carácter destrutivo dos ciclones.

Quanto às zonas geográficas atingidas, podem ser mais diversas no futuro?

Jean Jouzel: Regra geral, no hemisfério norte, há verdadeiramente essa característica de deslocação para norte das trajectórias dos ciclones, dos futuros ciclones também. Sim, não é apenas a intensidade. Pode haver regiões que não são atingidas agora que poderão ser afectadas por ciclones no futuro.

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