Presidente da câmara de Barcelona, Ada Colau, não apoia o referendo à independência da Catalunha e responsabiliza o governo de Mariano Rajoy pela crise política
O município de Barcelona anunciou na sexta-feira que não vai ceder espaços municipais para a realização do referendo à independência da Catalunha, marcado pelo parlamento regional para 1 de Outubro.
654 presidentes de munícipios aprovaram uma declaração que exprime o compromisso de apoiar a consulta popular, considerada ilegal pelo Tribunal Constitucional de Espanha, a presidente da câmara de Barcelona, Ada Colau, e outros seis não assinaram.
Num texto publicado no Facebook, Ada Colau distancia-se do caminho adotado pelos independentistas, mas também não poupa críticas a Madrid.
Colau responsabiliza o governo de Mariano Rajoy por ter conduzido as coisas a este extremo com uma política de ameaças e imobilismo que nunca quis propor ou procurar soluções.
Sublinha que a solução para a situação política da Catalunha passa por um referendo, mas acrescenta que o objetivo não justifica os meios e que a Catalunha precisa de um referendo no qual toda a população se sinta chamada a participar.
Na quinta-feira, o Tribunal Constitucional de Espanha considerou ilegal a consulta popular, a posição defendida pelo governo e pelo maior partido da oposição, o PSOE. Em 2014, o Tribunal declarou inconstitucional o princípio de um referendo de autodeterminação, que os catalães exigem há muitos anos, segundo o modelo dos referendos organizados em 2014 na Escócia e em 1995 no Quebec.
Colau pede esclarecimentos a Puigdemont
A presidente da câmara de Barcelona, Ada Colau, paralisou os procedimentos relacionados com a cedência de espaços municipais para a realização do referendo à independência no dia 1 de outubro na cidade após a suspensão decidida pelo Tribunal Constitucional, aguardando que o governo da Generalitat esclareça o que fará para não colocar em risco a instituição e os funcionários.
Colau informou disto por carta o presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, depois deste ter pedido aos municípios catalães que declarem num prazo de 48 horas a sua vontade de preparar o sistema eleitoral.
Colau recorda na carta a Puigdemont que, assim que o pedido chegou, ordenou ao secretário-geral da Câmara Municipal que “inicie os procedimentos comuns para verificar a disponibilidade do dispositivo usualmente utilizado em qualquer processo eleitoral”. Na mesma carta, recorda também ao Presidente da Generalitat que todos esses procedimentos foram afetados pela suspensão do Tribunal Constitucional.