A jovem ativista pelos Direitos Humanos na Turquia perdeu o emprego e sobrevive graças à ajuda dos pais.
Cemile é ativista e luta pelos direitos humanos na Turquia. Crítica do presidente Erdogan, perdeu o emprego no ano passado, ainda fosse contra tentativa de golpe de Estado militar.
“Há muitos casos como o meu. Só o facto de sermos da oposição é motivo para ficarmos sem trabalho. E não é só o trabalho que perdemos. Perdemos tudo e ficamos isolados”, explica a jovem.
“Não é forma de viver. Roubaram-me a vida. Sinto-me numa purga. Somos todos parte desse processo”, continua.
Cemile ficou também sem o seu passaporte e não pode deixar o país, nem para férias. Sente-se constantemente vigiada pelas autoridades. Mas sabe que não está sozinha e que o medo chega a todos os lados na sociedade turca.
“Toda a gente está assustada, mesmo as organizações de defesa dos Direitos Humanos, que não querem contratar ninguém. Ainda bem que os meus pais estão vivos, ou, nestas condições, já seria sem-abrigo.”
O discurso deixou de ser livre
Para Leman Yurtsever, da plataforma de defesa dos direitos humanos IHD, de Istambul, “o discurso deixou de ser livre na Turquia”:
“Se uma pessoa disser o que pensa, sofre as consequências. Mesmo que sejam ideias democráticas e pacíficas”, explica.
Ideias que bastam para que o autor seja identificado como anti-governo, anti-turquia e posto de parte.
“Ficamos com um rótulo colado e não podemos fazer nada”, diz Cemile.
“Mas eu continuo com as minhas atividades e nunca desisto. Não vão fazer com que desista.”
Uma resistencia que não é nada facil para as vozes dissidentes na Turquia. Por agora, qualquer crítica ao poder é uma traição à pátria de Mustafa Kemal Atatürk.