Alerta para subida perigosa da temperatura global

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O alerta pertence à OMM que anunciou que as concentrações de CO2 na atmosfera atingiram um nível recorde em 2016

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Há o risco de uma subida perigosa da temperatura no mundo. O alerta pertence à Organização Mundial de Meteorologia (OMM) que anunciou que as concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, responsáveis pelas alterações climáticas, atingiram um nível recorde em 2016.

No ano passado, a concentração de CO2 atingiu o equivalente a cerca de 145% do que se registava na época pré-industrial antes de 1750.

“Isto demonstra que não estamos a caminhar na direcao correta, antes pelo contrário estamos a ir no sentido errado se pensamos na implementacao do Acordo de Paris”, declarou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.

O Acordo de Paris foi obtido em dezembro de 2015 e comecou a ser implementado em novembro de 2016, tendo fixado a meta de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de modo a manter a subida da temperatura abaixo de 2ºC, ou, preferencialmente, de 1,5ºC.

“A última vez que a Terra registou um teor de dióxido de carbono comparável foi há três a cinco milhões de anos: a temperatura era 2º a 3ºC [Celsius] mais elevada e o nível do mar era superior em 10 a 20 metros relativamente ao atual”, refere a agência das Nações Unidas, no seu boletim anual sobre gases com efeito de estufa.

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), esta “subida em flecha” do nível de dióxido de carbono (CO2) deve-se à “conjugação das atividades humanas com um forte episódio do El Nino”, um fenómeno meteorológico que surge a cada quatro ou cinco anos e que leva à subida da temperatura do Oceano Pacífico, provocando secas ou níveis de precipitação elevados.

A quantidade de CO2 na atmosfera “era de 400 partes por milhão [ppm] em 2015” e, em 2016, atingiu 403,3 ppm, o que representa “cerca de 145% do que se registava na época pré-industrial (antes de 1750)”, precisou o relatório divulgado em Genebra, cidade onde está a sede da OMM.

Os investigadores baseiam-se nas calotes de gelo para determinar as variações da presença de CO2 na atmosfera ao longo do tempo.

“Se não se reduzirem rapidamente as emissões de gases com efeito de estufa, nomeadamente de CO2, caminhamos para uma subida perigosa da temperatura até final do século, muito acima da meta fixada no Acordo de Paris sobre clima”, advertiu o secretário-geral da OMM, o finlandês Peterri Taalas.

“As gerações do futuro vão herdar um planeta muito menos hospitaleiro”, defendeu.

WMO releases Greenhouse Gas report at 1000 GMT on concentrations of CO2 and other heat-trapping gases in atmosphere in 2016 #COP23pic.twitter.com/JN6NzG0Hkb

— WMO | OMM (@WMO) October 30, 2017

Desde a era industrial, ou seja, desde 1750, o crescimento demográfico, a prática de uma agricultura cada vez mais intensiva, a maior utilização do solo, a desflorestação, a industrialização e a exploração de combustíveis fósseis para obter energia provocaram um aumento de gases com efeito de estufa na atmosfera, sendo o principal o CO2.

“O CO2 persiste na atmosfera durante séculos e no oceano ainda mais tempo. Segundo as leis da física, a temperatura será mais elevada e os fenómenos climáticos mais extremos no futuro. Não temos uma varinha mágica para fazer desaparecer o CO2 em excesso”, salientou Peterri Taalas.

Para o chefe da agência da ONU para o Ambiente, Erik Solheim, “o tempo pressiona”.

“Os números não mentem. As nossas emissões continuam a ser muito elevadas e é preciso reverter a tendência. Dispomos já de diversas soluções para enfrentar este desafio. Só falta a vontade política”, acrescentou.

O relatório da OMM é divulgado dias antes do início da conferência da ONU sobre alterações climáticas, que se realiza de 06 a 17 de novembro, em Bona, na Alemanha.

O Acordo de Paris foi obtido em dezembro de 2015 e entrou em vigor no início de novembro de 2016, tendo fixado a meta de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de modo a manter a subida da temperatura abaixo de 2ºC, ou, preferencialmente, de 1,5ºC.

Aquele é o valor a partir do qual os cientistas defendem que serão mais graves os fenómenos climáticos extremos, como secas e elevadas quantidades de chuva em períodos de tempo curtos.

“A Europa puxa a carroça e depois há o resto do mundo, o Vietname, a China, além dos Estados Unidos”, com o Presidente Donald Trump

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O recorde de concentrações de dióxido de carbono na atmosfera registado a nível global em 2016 é “muito preocupante”, afirmou um responsável do IPMA, salientando que, apesar dos esforços para reduzir emissões, o objetivo não está a ser conseguido.

Os dados divulgados pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) “são muito preocupantes”, disse à agência Lusa o diretor de Meteorologia e Geofísica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O parecer da OMM “é de facto marcante, quiseram lembrar que, apesar de estarmos com cimeiras como Paris, apesar de fazermos algum esforço, mas não muito, para termos as concentrações a não aumentarem não conseguimos, na verdade”, defendeu Pedro Viterbo.

“As concentrações aumentam, sempre, continuamente. Se olharmos para 1960, temos 320 ppm [partes por milhão] e passados 60 anos aumentamos mais 80 ppm”, descreveu.

Pedro Viterbo referiu-se às “boas ações da humanidade”, apontando o Acordo de Paris obtido em 2015 para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

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Fez-se um texto para dizer: “estamos mal, mas iremos no bom caminho, na verdade, quase dois anos depois, estamos no caminho que estávamos antes”, disse.

“Já passaram dois anos depois de Paris e foram mais ou menos uma ou duas ‘ppm’ que foram acrescentadas à atmosfera, é dramático”, realçou o responsável do IPMA.

Os países europeus, apontou, “estão a ‘puxar a carroça’ [para] não aumentar demasiado as emissões de poluentes, mas depois há o resto do mundo, há o Vietname, há a China”, além dos Estados Unidos, com o Presidente Donald Trump a duvidar das alterações climáticas e a sair do Acordo de Paris.

“Devíamos estar a diminuir (as emissões), mas não se está a fazer nada”, insistiu o especialista do IPMA.

Quanto à Índia, “está a aumentar muito as emissões e neste momento é provavelmente o país que está a aumentar mais depressa”, referiu Pedro Viterbo.

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(Com Lusa)

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