Antigo governador do Rio de Janeiro foi condenado em junho por implicação na mega operação Lava-Jato, mas tem mantido regime "gourmet" atrás das grades
Presunto português e diversos tipos de queijo francês estavam entre as várias iguarias clandestinas descobertas na sexta-feira na cela onde está detido o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.
O Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública e a Coordenadoria de Segurança e Inteligência, ambas entidades do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPJR, realizaram uma vistotia à Cadeia Pública José Frederico Marques, no bairro de Benfica, da cidade carioca, e descobriram "nas celas, divididas em porções iguais, comidas quentes como risoto, bacalhau e frango desfiado com temperos", revelou sábado o MPRJ, em comunicado.
Esta terça-feira, o jornal O globo especificou que entre os alimentos encontrados, nomeadamente na cela de Sérgio Cabral estavam presunto cru fabricado na região do Porto pela Primor e vendido no Brasil em alguns estabelecimentos selecionados a cerca de 60 euros/quilo, um pote de 150 gramas de queijo francês Chavroux à base de leite de cabra e avaliado em cerca de 70 euros/ quilo, um outro queijo francês Babybel e bolinhas de queijo tipo Saint Paulin que são vendidas no Brasil a 72 euros/quilo.
O nome de Sérgio Cabral estava inscrito numa caixa (foto em cima) contendo alimentos, revela ainda o Globo.
"Para o MPRJ, ficou evidenciado que os produtos foram fornecidos por restaurantes", especifica o comunicado oficial, englobando na lista de descobertas "ingredientes sofisticados, alimentos importados, iogurtes, especiarias, queijos, castanhas, frios diversos, cafeteira, aparelhos eletrónicos e outras mercadorias não permitidas pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SEAP)". "Ainda foi apreendido dinheiro em quantias superiores à permitida", foi acrescentado.
"Em menor quantidade, foram apreendidos produtos na ala feminina, onde se encontram presas a mulher de [Sérgio] Cabral, Adriana Ancelmo, e a ex-governadora Rosinha Garotinho", referiu o MPRJ.
O Ministério Público carioca anunciou a adoção de "medidas cabíveis contra as autoridades e servidores da SEAP que permitiram a entrada dos produtos" e a comunicação "dos factos à 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e à Justiça Eleitoral de Campos."
De acordo com a Resolução da SEAP, de 18 de março de 2016, a entrada de alimentos no sistema penitenciário do Rio de Janeiro está limitada a três sacos de supermercado por detido e nos dias da visita. Na Cadeia Pública José Frederico Marques havia baldes com alimentos e bebidas