Depois de um anúncio oficial da ordem para baixar os preços dos produtos nos supermercados, os venezuelanos acorreram em massa às portas dos retalhistas. Ausência de produtos de primeira necessidade e fome iminente continua, porém, a ser a realidade no país.
Filas e filas de venezuelanos às portas dos supermercados de Caracas este sábado, depois do governo de Nicolás Maduro ter ordenado o corte dos preços mantidos pelos retalhistas.
Com a Venezuela numa crise económica que ameaça com fome nacional, a decisão correu rápida e atingiu produtos como manteiga, sabão, queijo fundido, algumas bebidas alcoólicas e esparguete importado.
Maria Claros, moradora em Caracas, dizia, enquanto esperava: "Percebemos que as cadeias de supermercados tenham o direito de aumentar os preços porque são relativos, mas não de modo exorbitante como 300%. Deve haver um pouco de controlo, se houver talvez possamos comprar algumas coisas."
Contudo, as prateleiras estão vazias de produtos alimentares de primeira necessidade e grande parte dos venezuelanos não conseguiu comprar o que fosse apesar das horas de espera. Os pedidos de explicação, face a supermercados que permaneceram fechados ou que impossibilitaram as compras por não terem sido informados sobre quais os produtos atingidos pela decisão da Superintendência Nacional para a Defesa Socioeconómica, assumiram em alguns casos a raia do desespero.
Maduro anunciou no discurso televisionado da passagem de ano o aumento em 40 por cento do salário mínimo a partir de Janeiro, o que se traduz em menos de seis euros no mercado negro.
Carmen de Rodriguez, também moradora em Caracas e também há horas numa fila, desabafava: "Chegámos cedo, mas não conseguimos entrar. Os preços eram muito mais baixos ontem à noite, mas hoje já não. São preços ridículos, muito elevados comparado com o vencimento dos venezuelanos, quer dizer, da maioria dos venezuelanos."
Ainda esta sexta feira, e para fazer face às sanções dos Estados Unidos a quem Maduro acusa de levarem a cabo uma guerra económica contra o socialismo, o governo venezuelano anunciou a emissão de 100 milhões de unidades do petro, a nova criptomoeda indexada ao petróleo venezuelano.