Casal que acorrentou os 13 filhos é acusado de tortura e abuso

Conferência de imprensa do Procurador Distrital de Riverside
Conferência de imprensa do Procurador Distrital de Riverside Direitos de autor  REUTERS/Lucy Nicholson
De  Nelson Pereira
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Ouvidos esta quinta-feira pelo tribunal do condado de Riverside, a leste de Los Angeles, Louise e David Turpin foram formalmente acusados de 38 crimes de tortura e abuso

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O casal norte-americano preso por manter os 13 filhos em cativeiro, na Califórnia, foi ouvido pelo tribunal pela primeira vez na quinta-feira.

No total, David Turpin, de 57 anos, e a mulher, Louise, de 49, foram formalmelmente acusados de 38 crimes de tortura e abuso de crianças. O pai foi acusado de abuso sexual de uma das filhas com menos de 14 anos. Incorrem numa pena que pode ir de 94 anos de prisão a perpétua, se forem condenados.

"Trata-se de um caso de abuso físico e emocional severo, de conduta depravada", disse o procurador do condado de Riverside, Mike Hestrin, frisando que as crianças sofrem de desnutrição grave:

"As vítimas estão todas gravemente subnutridas. Trata-se de subnutrição calórica grave associada a perda muscular. Para dar um exemplo, uma das crianças, com 12 anos de idade, tem o peso correspondente a uma criança de 7 anos. A vítima feminina de 29 anos pesa 37 quilos."

Os 13 filhos, com idades entre dois e 29 anos, viviam fechados em casa, presos às camas com correntes e cadeados. Eram agredidos regularmente, mantidos acordados durante a noite e dormiam durante o dia.

Nas buscas à casa, as autoridades encontraram centenas de diários que as crianças escreviam e que deverão ser usados como provas no processo.

Os riscos do ensino doméstico

A casa onde viviam os Turpin estava registada como uma escola privada, em regime de ensino doméstico (home-schooling), mas as crianças nunca foram vistas por nenhum professor ou assistente social. A escola tinha seis dos 13 filhos do casal registados como alunos e nunca foi fiscalizada pelo departamento de Educação do Estado da Califórnia. O caso pode levar as autoridades da Califórnia a rever a legislação que autoriza o ensino doméstico.

"Turpin criou a sua própria escola em casa para que as crianças não fossem vistas por ninguém", disse Sherryll Kraizer, especialista em prevenção de abuso infantil e fundadora da Coligação para as Crianças (Coalition for Children).

"O ensino doméstico não dá nenhuma liberdade às crianças, dá toda a liberdade aos pais. Nas mãos de bons pais, as crianças podem beneficiar e prosperar. Mas nas mãos de pais como os Turpins, pode ser completamente o oposto", frisou Rachel Coleman, diretora da Federação para o Ensino Doméstico Responsável (Coalition for Responsible Home Education), com sede em Massachusetts.

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