Turquia lança ofensiva terrestre em Afrin

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De  Nelson Pereira
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Depois do ataque aéreo de sábado, Ancara lança ofensiva terrestre contra as milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) no norte da Síria

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O exército turco lança este domingo uma ofensiva terrestre contra as milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) na cidade de Afrin, no norte da Síria, depois dos ataques aéreos de sábado, anunciou o governo de Ancara. 

De acordo com o primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, cerca de 72 aviões de guerra conseguiram destruir em Afrin quase todos as estruturas de controlo das milícias curdas, que Ancara considera uma ameaça terrorista para a Turquia. O exército turco conta com o apoio no terreno das milícias do Exército Livre da Síria (FSA, na sigla inglesa), recordou Binali Yildirim.

Com esta ofensiva militar, designada operação "Ramo de Oliveira", Ancara põe à prova o compromisso de Washington com os curdos na Síria. Em Afrin, um país membro da NATO bombardeia os aliados dos Estados Unidos.

O silêncio russo

A aviação turca só penetrou o espaço aéreo sírio depois de garantir luz verde dos radares russos e a retirada prévia das tropas russas de Afrin. E foi para isso que o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas turcas, Hulusi Akar, se deslocou na quinta-feira a Moscovo para encontrar o seu homólogo russo, Valeri Gerassimov.

O mesmo Gerassimov que em dezembro acusou os Estados Unidos de dar proteção e treino aos jihadistas do Daesh na Síria, com o objetivo de desestabilizar o país.

Ao mesmo tempo, Moscovo fez coro com Damasco, no sábado, apelando ao respeito pela integridade territorial síria e pedindo aos turcos moderação na operação militar contra os curdos em Afrin.

O presidente turco Recep Tayyip Erdoğan promete não recuar. Depois de Afrin, o objetivo é expulsar os curdos de Manbij, disse no sábado Erdoğan: "Começamos pelo oeste e, passo a passo, vamos destruir este corredor. A operação em Afrin já começou no terreno. Depois será Manbij. Porque nenhuma das promessas feitas sobre Manbij foi cumprida até agora."

Depois de Washington ter deixado desamparada a tentativa independentista curda no Iraque, Ancara tinha razões para crer que os Estados Unidos não arriscariam um confronto aberto com a Turquia para dar cobertura aos aliados curdos na Síria.

Num encontro recente com representantes de Moscovo, as milícias curdas recusaram cumprir duas exigências russas: que Damasco seja a única força em controlo das fronteiras norte da Síria e que os curdos abandonem os campos de petróleo de Deir ez-Zor. Foi depois desse encontro que o general Hulusi Akar foi convidado a Moscovo.

Uma nebulosa chamada FSA

No início de janeiro, uma delegação do Exército Livre da Síria encontrou-se em Washington com a administração Trump com a intenção de convencer o presidente norte-americano a retomar o programa de apoio militar da CIA, evocando a necessidade de contar a crescente influência iraniana na Síria, de acordo com fontes da oposição síria citadas pela agência Reuters.

A assistência canalizada para as milícias do Exército Livre da Síria consistia em salários, treino militar e armas (incluindo mísseis guiados anti-tanque) e era assegurada pelos Estados unidos e outros países opositores de Assad: Turquia, Qatar e Arábia Saudita.

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