"Claro que o Brexit tem riscos" - Manuel Caldeira Cabral

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Em Davos, na Suíça, onde se encontra a Participar do Foro Económico Internacional, o ministro português da Economia falou à euronews sobre a recuperação económica de Portugal, as boas perspetivas económicas do FMI e sobre os perigos do Brexit.

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"Penso que a situação, na Europa, está as melhorar. As políticas estão a mudar e penso que há perspetivas mais positivas. Vemos essas perspetivas a acontecer em Portugal. Em 2017, o PIB do país cresceu 2,8% e a previsão para 2018 está a melhorar. Estamos a terminar 2017 com um crescimento de 11,5% das exportações o que significa que as empresas do país são competitivas, mas também que os mercados globais estão a crescer. Isso cria melhores perspetivas para os próximos anos. Continua a ser importante que a União Europeia reduza o desemprego, que crie perspetivas de crescimento, que crie melhores trabalhos e que recupere desta longa crise que colocou a Europa numa situação de depressão. Penso que as perspetivas são boas e bastante realistas, quando observamos os números que estão a aparecer e quando vemos as perspetivas dos investidores, que estão a esforçar-se."

Crescimento inclusivo

"Penso que esse é um dos grandes desafios que enfrentamos na Europa e no mundo. Traduzir o crescimento, as perspetivas de crescimento, em crescimento inclusivo que seja benéfico para todos. Isso é algo que nos orgulha, as perspetivas de crescimento em Portugal. O PIB não só aumentou, mas aumentou baseado nas exportações e no investimento e teve um grande impacto na criação de postos de trabalho. Tivemos a segunda maior taxa de crescimento de criação de novos postos de trabalhos da Europa. Criámos mais postos de trabalhos, temos uma sociedade mais inclusiva, diminuímos a pobreza, que aumentou durante a crise. Isso é muito positivo. Penso que esse é um grande desafio. Temos de seguir um caminho de crescimento mais inclusivo que aumente as expectativas, os rendimentos dos mais pobres, que melhore a situação da classe média, mas que reduza, também, o desemprego, que é um problema muito importante em muitos países europeus. Temos de trabalhar para resolver isso. Estamos muito orgulhosos, em Portugal, por termos aumentado o emprego, 7% de aumento no ano passado, Queremos continuar a trabalhar pois o desemprego é, ainda, bastante elevado e é um desperdício de capacidades, de esperanças e de expectativas das gerações mais jovens que têm muito a oferecer e que são muito precisas para o desenvolvimento da Europa."

O que fez com que Portugal saísse da crise?

"Penso que o que aconteceu foi termos mudado de uma política de austeridade para uma política moderada. Uma política que é bastante responsável em relação à diminuição da dívida pública, mas que permite que haja espaço para o crescimento. Com esta política, criámos mais confiança nas pessoas e nos investidores (estamos a ter um aumento muito importante de investimento nacional e estrangeiro). Estamos a crescer com números recordes, dos últimos 20 anos. Este crescimento deve-se ao crescimento da confiança e penso que foi a mudança de política que levou a isso. Penso, também, que o crescimento que está a ocorrer em Portugal está a ser distribuído. Não é apenas uma parte da sociedade que está a beneficiar com isso, mas também são os mais pobres que estão a melhorar. Tivemos uma redução importante na taxa de pobreza, no ano passado, e estamos a ter, também, um aumento importante do emprego. Isso permite-nos ter mais crescimento, um crescimento melhor pois é baseado nas exportações e no investimento, mas também um crescimento mais inclusivo que resulta em trabalhos melhores, mais empregos para os jovens, e também na redução da pobreza que é um objetivo importante do nosso Governo."

Os riscos do Brexit

"Penso que há sempre riscos e claro que o Brexit tem riscos. Temos de trabalhar juntos para minimizar esses riscos. Há, também, oportunidades muito importantes. A Europa acabou de assinar um acordo comercial com o Canadá, outro com o Japão e está à beira de finalizar um acordo comercial com a América do Sul - o Mercosul. Penso que se a Europa olhar para o futuro e pensar apenas no Brexit, nos problemas e nas questões financeiras não vai conseguir mobilizar a sua juventude e os seus cidadãos. Se olhar para o futuro e se reafirmar como uma região, do mundo, que está aberta para o comércio, que está empenhada com a inovação, que está empenhada no crescimento inclusivo... Penso que este é um projeto que pode reunir muitas pessoas, ao seu redor. É um projeto que pode construir pontes com a América do Sul e com outras partes do mundo e pode assumir a liderança que é uma coisa que a Europa deve ter como objetivo. Deve ser uma região que ofereça uma liderança a um mundo com muitas confusões, mas com muitas oportunidades, também. Penso que estas oportunidades comerciais irão surgir se a Europa conseguir responder aos desafios da América do Sul, da Índia, da China, aos desafios que vêm de África... A Europa pode ser uma parte muito importante na liderança deste novo mundo. Com este tipo de políticas, e comprometendo-se com a ciência e inovação, a Europa pode ser um projeto que entusiasme mais os seus cidadãos e penso que devemos empenhar-nos muito nisso."

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