Portagens portuguesas ameaçam continuidade da PSA em Mangualde

Fabricante da Peugeot está contra modelo de pagamento das autoestradas
Fabricante da Peugeot está contra modelo de pagamento das autoestradas Direitos de autor REUTERS/Vincent Kessler/ Arquivo
De  Euronews com Lusa
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A fabricante da Peugeot, Citroën, DS e Opel alerta que, se o modelo de pagamento se mantiver anexado à altura dos veículos, está em risco o investimento na fábrica portuguesa do grupo

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O grupo automóvel PSA alertou esta quinta-feira que se o modelo de pagamento das portagens se mantiver anexado à altura dos veículos poderá estar em causa o investimento na fábrica do grupo em Mangualde.

Em conferência de imprensa, Alfredo Amaral, o diretor-geral do grupo PSA (Peugeot, Citroen, DS e Opel) para o comércio em Portugal explicou que o futuro furgão comercial ligeiro, denominado atualmente pelo nome de código K9, poderá chegar a um máximo de produção de 100 mil veículos anualmente, dos quais 20% no âmbito nacional, em 2019.

Por ter mais de 1,10 metro de altura, esta viatura, com o modelo atual de portagens, será incluída na classe dois e assim pagar mais portagens, pelo que em Portugal o veículo não será vendido, previu o responsável, que quando questionado sobre se esta situação coloca em perigo o investimento na fábrica de Mangualde, respondeu afirmativamente.

"Não queremos nenhuma exceção, queremos é que a regulamentação mude", resumiu o responsável, referindo a necessidade de uma resposta oficial "antes do final de junho" para não haver impacto na fábrica de Mangualde.

A fábrica deverá garantir a produção do K9 "no seu ciclo de vida", que depende da aceitação do mercado, e o período posterior ficará depois em dúvida se a situação se mantiver, referiu.

O responsável adiantou que o primeiro impacto, caso se mantenha a situação, será ao nível do emprego, com a possibilidade de o novo terceiro turno, com mais de 200 trabalhadores e a laborar a partir de abril, terminar em outubro, altura em que se deve iniciar a produção do novo modelo.

No caso de a situação se manter, o "impacto imediato é sobre o emprego", precisou.

O diretor-geral notou a posição "oportunista" das concessionárias das autoestradas, que está, porém, dentro da legalidade, até haver uma alteração, que os construtores pretendem em termos de definição das classes consoante o peso e não de altura.

"Mas há um interesse económico do próprio país que deve ser tomado em consideração numa negociação que está em aberto com as entidades governamentais", considerou o responsável, referindo que até agora a resposta do Governo tem sido "política", no sentido de garantir que haverá uma solução.

A alteração do modelo de portagens com 30 anos foi conversada com o anterior Governo de coligação PSD/CDS-PP, assim como com o atual executivo socialista, que "dinamizou um grupo de trabalho, cujas conclusões foram entregues em setembro/outubro", lembrou.

Em declarações ao Dinheiro Vivo, fonte oficial do gabinete do miniustro do Planeamento e das Infraestruturas revelou que "no último trimestre de 2017 foram iniciadas as renegociações do contrato de consessão com a Brisa (...) e ainda os contratos de consessão nas antigas SCUT."

Questionado sobre a disputa laboral na fábrica do grupo Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, o dirigente disse defender que "o debate deve existir, os trabalhadores devem lutar pelas suas posições" e a administração colocar as suas questões, e do diálogo devem sair soluções adequadas.

"Na nossa fábrica temos tido da parte dos trabalhadores uma resposta muito boa. Dentro do grupo PSA estamos satisfeitos com a relação", afirmou ainda o diretor-geral.

Sobre os incentivos à compra de veículos elétricos, o responsável defendeu que a evolução depende "mais de uma vontade política do que de uma evolução tecnológica" e que o atual modelo "parece demasiado restrito" para um progresso em Portugal, por haver uma limitação, que, por exemplo, "não permite uma resposta cabal" a uma empresa que queira eletrificar a sua frota.

O regresso dos incentivos ao abate de veículos em fim de vida também foi defendido, face ao envelhecimento do parque automóvel português, que coloca questões de segurança.

"Todos os agentes teriam a ganhar e o Estado, do ponto de vista de receita, não tem a perder, porque teria uma compensação e haveria uma resposta melhor à necessidade de condições de segurança", garantiu.

A conferência de imprensa serviu ainda para registar a quota de mercado do grupo em Portugal, no ano passado, de 18%, à qual se juntando a Opel passa a ser de 23%, enquanto nos veículos comerciais esse valor é de 37%.

O grupo contabilizou ainda 60 mil unidades vendidas, a superação dos mil milhões de euros em volume de negócio e atualmente conta com 624 empregados na área do comércio e gerou quase cinco mil postos indiretos.

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Na indústria, conta com 950 empregos diretos e 53.600 veículos produzidos no ano passado, o que equivale a 32% da produção nacional.

Foi também apresentado o novo modelo de negócio, que conta com uma rede de oficinas multimarca, que até 2020 deverá significar um investimento de 1,5 milhões de euros, assim como distribuição de peças de diversas marcas para ampliar a base de clientes.

Para breve ficaram prometidas novidades no âmbito do modelo de mobilidade para a região de Lisboa, nomeadamente de partilha de carros.

Outras fontes • Francisco Marques

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