Fomos à Alemanha e aos Países Baixos conhecer o projeto, que poderá transformar a construção de cargueiros e rebocadores.
Imagine um cargueiro cuja construção permite que emita até -25% de dióxido de carbono durante a navegação, deixando, por outro lado, de produzir agentes poluidores como enxofre ou azoto.
É o objetivo do projeto euroopeu Leanships, financiado pelo programa Horizon 2020, da Comissão Europeia, parte das iniciativas para um aumento da competitividade da União numa economia cada vez mais globalizada.
A Euronews esteve em Hamburgo, na Alemanha, onde um grupo de investigadores simulam condições climáticas extremas, como as que se vivem no Ártico. Água a -8º e temperatura ambiente a -10º, numa piscina coberta, preparada para simular condições de navegação habituais naquela região.
Os cientistas começam com os primeiros testes logo de manhã, numa água salgada e quase gelada. Interessa medir a espessura da camada de gelo à superfície, de acordo com um dos investigadores, Quentin Hisette:
“Recolhemos cerca de 200 dados diferentes em cada teste. Medimos a espessura do gelo em 200 pontos da piscina. Isto, porque o gelo não tem uma constituição homogénea. E é exatamente o que acontece, por exemplo, no Ártico. Por isso, precisamos de conhecer o volume médio da espessura do gelo. Queremos que os dados sejam o mais exatos possível,” explicou à Euronews.
Uma vez pronta a piscina, começa o trabalho dos engenheiros mecânicos e navais. Procuram saber como irá comportar-se um cargueiro, recentemente construido, em condições como estas.
Os navios de grande porte deverão ter um casco preparado para oferecer menos resistência à àgua, mas também um novo tipo de hélices.
René Bosman, um dos investigadores do projeto europeu Leanships, contou à Euronews que testam a resistência na dianteira do modelo com que trabalham.
“E na parte traseira, medimos a velocidade e rotação das hélices, assim como o impulso e o torque. Medimos também a resistência às correntes laterais e aos movimentos que provocam.”
A menor resistência das hélices é fundamental. Gerco Hagesteijn é gestor de projeto no Leanships. Diz que desenvolveram um modelo de hélices muito eficaz, mas que poderá não ser igual ao que poderá vir a ser lançado no mercado:
“Parece-nos que este conceito, este modelo de hélice, é muito bom e tem muito potencial no que diz respeito à poupança de combustível. Mas o que temos aqui é um protótipo e, quando for construído em série, teremos de fazer algumas mudanças. Por razões de ordem prática. E talvez se perca alguma eficiência em termos de poupança de combustível. Mas entramos mesmo numa nova geração navios.”
Nova geração de embarcações
Uma nova geração de embarcações como os ágeis e dinâmicos rebocadore desenvolvidos nos estaleiros de Gorinchem, na província da Holanda do sul. Um rebocador com uma popa reversível e formas que lhe permitem ser mais rápido a alta velocidade e em portos congestionados.
Robert Van Koperen é um dos investigadores. Explicou à Euronews que procuram mais mobilidade em portos cada vez mais congestionados:
“Os navios que chegam aos nossos portos são cada vez maiores e mais potentes. Mas têm cada vez menos espaço para as manobras. Este novo tipo de casco permite um rebocador mais ágil”.
O próximo passo é construir rebocadores que funcionem a gás natural. Uma alternativa mais ecológica e mais económica.
Com António Oliveira e Silva, Ana Ruivo e Nuno Prudêncio.