UNESCO avisa: Cinco mil milhões em risco de não ter água na torneira em 2050

Michel Temer com Audrey Azoulay, a diretora-geral da UNESCO
Michel Temer com Audrey Azoulay, a diretora-geral da UNESCO Direitos de autor REUTERS/Ueslei Marcelino
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De  Francisco Marques com Lusa, UNESCO
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Relatório da UNESCO sobre a evolução hídrica no planeta lança preocupantes avisos na abertura do Fórum Mundial da Água, em Brasília

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) defende que a escassez de água deve ser enfrentada com soluções de gestão baseadas na natureza. Só assim se poderão evitar eventuais "conflitos" relacionados com os recursos hídricos.

"Necessitamos de novas soluções de gestão dos recursos hídricos para enfrentar novos desafios relacionados com a segurança da água, devido ao crescimento demográfico e às alterações climáticas", apontou a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, citada relatório divulgada na abertura do Fórum Mundial da Água.

No estudo intitulado "Relatório 2018 do Desenvolvimento da áGua Mundial", a Unesco propõe soluções baseadas na natureza para melhorar a gestão da água, tema que a responsável deste organismo da ONU considera um "desafio maior" e que deve ter uma abordagem coletiva.

"Se não atuarmos, até 2050 cerca de cinco mil milhões de pessoas vão viver em zonas com escassez de água", lê-se no realtório da UNESCO, reforçando a preocupação que será um dos focos deste Fórum Mundial da Água.

A procura de água no planeta "multiplicou-se por seis" nos últimos 100 anos e cresce a um ritmo de 1% em função do crescimento da população, do desenvolvimento económico e dos padrões de consumo.

A organização defende que a população mundial, atualmente de 7,7 mil milhões de pessoas, subirá, em 2050, para um número entre os 9,4 e os 10,2 mil milhões -- mais de 60% população estará concentrada nas cidades.

Embora com "grandes diferenças" entre os países, a Unesco calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) global "aumentará 2,5 vezes" e que a procura mundial de produtos agrícolas e de eletricidade subirá entre 60% e 80% em 2050, tendo em conta as alterações climáticas.

A Unesco identifica como problema adicional o facto de a procura para a agricultura representar "70% das extrações de água mundial" e refere que, com base nas variações próprias desta atividade - relacionadas com os solos e as condições meteorológicas -, o comportamento da procura anual no setor está "cheio de incertezas".

Na indústria, que inclui a produção e distribuição de energia, que consome cerca de 20% da água, a organização prevê que a procura possa aumentar até oito vezes até 2050.

A Unesco defende a adoção das chamadas Soluções Baseadas na Natureza, um conceito centrado na promoção de uma "infraestrutura verde", em oposição à "infraestrutura cinzenta" da urbanização e do cimento.

Além de várias práticas que podem ser adaptadas na agricultura, a organização propõe alternativas para as cidades, como aquelas da "engenharia ecológica", com modelos que ajudam a preservar a água e o ambiente.

Entre os exemplos, estão as fachadas de edifícios cobertas de plantas ou os telhados com jardins. Recomenda formas "naturais" de reciclar e recolher a água, assim como a criação de depósitos para alimentar os lençóis freáticos e proteger as bacias hidrográficas que alimentam as cidades.

"Durante muito tempo, o mundo recorreu em primeiro lugar a infraestruturas construídas ou 'cinzentas' para melhorar a gestão dos recursos hídricos" e, frequentemente deixou de lado o conhecimento tradicional que "adota abordagens mais ecológicas", defende.

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