Caso Skripal: Cataclismo diplomático recorda Guerra Fria

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De  Antonio Oliveira E Silva com REUTERS, RIA E TASS
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Ocidente anuncia expulsão de mais de 120 diplomatas. Rússia promete resposta "proporcional."

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O chamado 'Caso Skripal' está a provocar um cataclismo diplomático entre a Rússia e vários Estados do Ocidente que mais parece dos tempos da Guerra Fria, depois do Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia, terem anunciado a expulsão de mais de 120 funcionários das representações diplomáticas da Federação.

Posteriormente, Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO/OTAN, anunciou que a organização decidiu expulsar sete dos diplomatas russos acreditados na Missão Permanente da Federação Russa na Aliança Atlântica.

"A nossa decisão envia à Rússia uma mensagem muito clara de que as suas ações têm um costo", disse Jens Stoltenberg.

Esta terça-feira, a primeira ministra britânica apelou a uma "resposta a longo prazo" ao Governo de Vladimir Putin. Theresa May diz que o Ocidente tem de "permanecer unido frente à ameaça russa."

Sergey Skripal, de 66 anos, foi envenenado com um agente neurotóxico, juntamente com a filha, Yulia Skripal, de 33 anos, dia quatro de março, na localidade inglesa de Salisbury.

Ambos foram encontrados, inconscientes, perto de um conhecido centro comercial. Londres acusou Moscovo de responsabilidade no ataque, que diz ter sido levado a cabo com gás Novitchok, de uso militar e criado na Era soviética.

Washington e Bruxelas apoiaram o Governo de May. O que se seguiu foi a mais importante expulsão de diplomatas russos da História das Relações Internacionais.

Expulsões diplomáticas em série

O Reino Unido anunciou a expulsão de 23 dipliomatas, que Londres alegam terem trabalhado como espiões, aproveitando-se do Estatuto Diplomático. O Governo britânico diz ainda que serão congelados os acesso a todos os bens do Estado russo em território nacional, que possam ser utilizados para contra cidadãos britânicos.

Dos Estados Unidos serão expulsos 60 diplomatas e funcionários de embaixada, incluindo 12 funcionários dos serviços secretos russos da Missão Permanente da Federação Russa nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Será ainda fechado o Consulado russo em Seattle, no estado de Washington.

O Canadá e a Austrália expulsarão também vários diplomatas, que, segundo Otava e Camberra, são espiões que interferiram nos assuntos internos de ambos países. São ainda rejeitados os pedidos de vistos diplomáticos para pelo menos três pessoas.

De vários Estados membros da União Europeia são também expulsos dezenas de diplomatas. França, Alemanha, Polónia expulsam quatro representantes. Países como a Lituânia e a República Checa expulsam três. Itália, Países Baixos, Espanha, Dinamarca, dois diplomatas. Hungria, Irlanda, Suécia, Noruega, Estónia e Roménia, um diplomata.

Fora da União, a Ucrânia, em conflito com a Rússia, expulsa 13 diplomatas, a Albânia, dois, e a Macedónia, um.

Portugal, Grécia e a Áustria são das poucas exceções na UE. Nenhum dos países expulsa qualquer funcionário das representações diplomáticas nos respetivos territórios.

Para Moscovo, tudo não passa de uma provocação do Ocidente, num gesto idealizado pela administração dos EUA, com a conivência de Londres e do bloco europeu.

Apesar do longo e complexo processo de saída do Reino Unido da União como Estado membro, o Brexit, a verdade é que, pelo menos para já, a solidariedade de Bruxelas para com a primeira-ministra britânica parece inequívoca.

A solidariedade europeia e a resposta de Moscovo

Depois de conhecida a posição de vários países europeus e dos Estados Unidos, mas também do Canadá e da Austrália, May falou numa solidariedade que se relaciona com o facto de que a Comunidade Internacional é consciente da "ameaça" que representa o "comportamento e as acções russas."

Moscovo anunciou a expulsão de pelo menos 23 diplomatas britânicos e o fecho definitivo do centro cultural British Council na cidade de São Petersburgo. Da embaixada dos Estados Unidos deverão sair 60 diplomatas, de acordo com a agência de notícias Estatal RIA.

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