Comunidade cigana luta por mais apoio à inclusão social

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De  Isabel Marques da Silva
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A geração mais jovem de ciganos quer mudar a realidade de pobreza e de exclusão social que tem marcado a vida desta população. A euronews falou com alguns deles, que também vão visitar o Parlamento Europeu durante a Semana dos Ciganos.

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A geração mais jovem de ciganos quer mudar a realidade de pobreza e de exclusão social que, durante séculos, tem marcado a vida desta população, também conhecida como romani. Quatro dezenas de jovens ciganos de vários países da União Europeia participaram num workshop de ativismo, em Bruxelas, a 8 de abril, quando se comemora o Dia Internacional da Comunidade Cigana.

"Promover a igualdade e combater a discriminação é para mim uma questão muito importante, especialmente nas instituições como o Parlamento Europeu, onde os membros da sociedade civil e ativistas podem dizer como é, de facto, a vida quotidiana dos ciganos", disse, à euronews, Saska Dimic, estudante universitária austríaca de 20 anos, com raízes na comunidade cigana da Sérvia.

A 6 de abril passado, a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia publicou um relatório com base num estudo em nove Estados-membros (incluindo Portugal), concluindo que as principais barreiras à inclusão dos ciganos são:

  • 80% da população vive em risco de pobreza

  • 75% dos adultos não têm trabalho remunerado

  • 50% das crianças não frequentam a escola primária

Os ciganos são a maior minoria étnica da União Europeia, onde vivem seis milhões dos 12 milhões de membros da comunidade, a nível mundial.

"Muitas vezes diz-se que a escolarização é o maior problema, mas os ciganos nómadas, que vivem em caravanas, são obrigados a deixar os locais ao fim de três semanas porque não existem terrenos para acampamentos permanentes. Isso dificulta o acesso às escolas", explicou, à euronews, Biser Alekov, assistente social na freguesia de Anderlecht, em Bruxelas.

Juntamente com as celebrações da comunidade, a Semana dos Ciganos no Parlamento Europeu debaterá, de segunda-feira a quinta-feira, como fazer avançar a Iniciativa da União Europeia para Inclusão dos Ciganos 2015-2020.

"É também uma responsabilidade dos partidos políticos dialogarem  com a a população cigana e não apenas para lhes pedir votos nas eleições, mas também para os envolver ativamente na campanha e propor que sejam candidatos nas listas eleitorais", afirmou Soraya Post, eurodeputada sueca de ascendêcnia cigana que é porta-voz da comunidade no partido Socialistas e Democratas e autora de um relatório com dezenas de recomendações aprovadas pelo Parlamento Europeu, em novembro passado.

As associações ligadas à comunidade pedem mais financiamento para o trabalho de defesa de direitos dos ciganos e promoção da interculturalidade na imprensa e noutras plataformas culturais.

"Em vez de investir tanto na integração dos ciganos, devemos também investir na maioria da sociedade para que seja mais aberta à convivência com outras comunidades", refere Gabriela Hrabanova, diretora-executiva da Rede ERGO, que reúne organizações ligadas à defesa dos direitos dos ciganos.

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