Facebook aumenta influência em Bruxelas

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De  Joao Duarte Ferreira
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Desde o ano passado que a rede social mais do que duplicou os montantes dedicados a influenciar e exercer pressões junto da Comissão Europeia.

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Desde 2017 que a rede social Facebook mais do que duplicou as despesas com lobbying junto da Comissão Europeia. Informações sugerem que desde o ano passado que os valores passaram de 1 milhão de euros para 2 milhões e 250 mil euros.

Segundo dados da plataforma integritywatch.eu, entre todos os organismos de influência e pressão, a rede social Facebook é a décima-primeira organização mais poderosa tendo já levado a cabo 88 reuniões de alto nível com elementos da Comissão Europeia.

Oliver Hoedeman é o diretor da organização Corporate Europe Observatory que luta por mais transparência nas relações entre a Comissão Europeia e o mundo das grandes multinacionais.

"O Facebook é uma das empresas que teve mais reuniões com figuras de topo da Comissão e respetivos funcionários. Nos últimos três anos, o Facebook levou a cabo 88 reuniões com figuras de destaque da Comissão e isso é um número notável para uma empresa norte-americana ter esse nível de acesso", afirma Hoedeman.

O debate sobe de intensidade numa altura em que as ameaças à privacidade e as campanhas de desinformação têm efeitos concretos sobre as democracias.

Na terça-feira, o vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo mercado único digital Andrus Ansip teve um encontro descrito como construtivo e pragmático com Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg em São Francisco sobre como reconstruír a confiança no ecossistema digital.

Os dois altos funcionários da rede social teriam explicado o que estão a fazer para proteger os dados dos utilizadores e que medidas concretas tomaram para responder às campanhas de desinformação que ameaçam as democracias sem contudo comprometer a liberdade de expressão.

Ambos teriam ainda concordado que a Regulamentação Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) é a via a seguir e Zuckerberg teria ainda confirmado que esta legislação seria ainda aplicada por todo o mundo.

A fim de aumentar a confiança e responsabilização nas soluções baseadas em Inteligência Artificial, o Facebook reconheceu a necessidade de definir princípios éticos para guiar estes desenvolvimentos, segundo a nota revelado após o encontro em São Francisco.

No entanto, apesar das críticas, o eurodeputado alemão Axel Voss do PPE afirma que as atividades de lobbying são normais e que os eurodeputados também ouvem vozes críticas contra as grandes multinacionais digitais.

"Não devemos excluir o Facebook e os outros de exercerem pressões. É uma espécie de competição de ideias e isto é o que precisamos de saber. É por isso que eu sou a favor, juntemos todos os pontos de vista para discutir", adianta Voss.

Para além da regulamentação que entra em vigor a 25 de maio, preparam-se igualmente outras legislações, em particular com vista à criação do mercado digital único.

Jan Philipp Albrecht é um perito na economia digital assim como vice-presidente do comité LIBE (Liberdades Civis, Justiça e Assuntos internos).

"Da nossa perspectiva europeia, não temos apenas regras para a proteção de dados, mas estamos ainda a falar sobre regulação das plataformas, concorrência e o mecrado digital. Zuckerberg terá que nos dizer até que ponto seguirá os nossos interesses e ideias", afirma este eurodeputado alemão do grupo dos Verdes.

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