Maite Pagazaurtundúa perdeu o irmão Joseba, assassinado a tiro por membros da ETA. A deputada do Parlamento Europeu acredita que a carta de dissolução da organização separatista basca tem um objetivo político claro.
Entre as vítimas da ETA, há quem critique, fortemente, a declaração de dissolução da organização separatista basca.
Entre elas, Maite Pagazaurtundúa, que perdeu o irmão Joseba... Assassinado a tiro por membros da ETA.
Foi há quinze anos, mas ela não esquece.
"Eles perseguiram-no durante nove anos. Os filhos dele praticamente não tiveram outra infância além da perseguição. Queimaram-lhe o carro três vezes, atiraram coquetéis molotov contra a sua casa, ameaçaram-no, espancaram-no, atormentaram-no. Foi tremendo. Mas mesmo sabendo que eles iam matá-lo, ninguém sabe o que isso significa. A devastação é horrível", afirma.
Esta deputada do Parlamento Europeu é um dos signatários de um manifesto que denuncia que a ETA quer limpar o passado.
O objetivo é obrigar os membros da organização a assumir as responsabilidades e a cooperar com a justiça.
"Não pediram desculpa. A pequena carta da declaração mostra que eles realmente legitimam muitos dos assassinatos... Não assumem o mais grave: mataram por uma identidade exclusiva, porque os outros pensavam de maneira diferente", conclui.
Pagazaurtundúa acredita que a declaração da ETA não ajuda as vítimas, mas tem um objetivo político claro: "Há seis anos eles pararam de matar, deixaram de importar à opinião pública. As sociedades basca e navarra começaram a sentir menos medo. Agora eles estão a tentar obter uma campanha publicitária gratuita para as suas siglas políticas."