Vitória da diplomacia posta em causa

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De  Bruno Sousa
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Chegada ao poder de Donald Trump ameaça acordo que limita o programa nuclear iraniano

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Um dia histórico. Estávamos a 14 de julho de 2015 e os ministros dos negócios estrangeiros de Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França, Alemanha e Irão colocavam um ponto final a uma verdadeira maratona diplomática que culminou com um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

O fracasso nos primeiros anos de negociações levou a um momento chave no processo: a denúncia da Agência Internacional de Energia Atómica ao Conselho de Segurança da ONU que colocou os iranianos nas mãos das Nações Unidas. Estávamos em 2006. Desde então sucederam-se as sanções económicas numa tentativa de pressionar Teerão a abandonar o seu polémico programa nuclear.

O desgaste económico acabou por dar frutos e em 2013, a chegada de Hassan Rohani ao poder revelou-se decisiva, como o novo presidente a manifestar a sua vontade de chegar a acordo com a comunidade internacional quanto antes.

O acordo chegou dois anos depois, em Viena, e deixou todas as partes envolvidas na negociação satisfeitas: o Irão saudava o fim das sanções económicas e ao mesmo tempo comprometia-se a diminuir consideravelmente a sua capacidade militar, aumentando o tempo necessário para produzir uma bomba nuclear de dois meses para um ano durante um período de dez anos.

Um compromisso a ser alcançado com a redução das reservas de urânio enriquecido em 98% e a limitação da produção, ambos durante quinze anos, a descontinuidade de dois terços das centrifugadoras nucleares e à obrigatoriedade de produzir urânio enriquecido na central de Natanz e de usar apenas centrifugadoras de primeira geração. Teerão aceitou ainda a entrada de 150 inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica no país para controlarem as suas atividades nucleares sem qualquer restrição.

Tudo mudou com a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. O norte-americano classificou o acordo de "horrível" por considerar que o levantamento de sanções permitia a Teerão aumentar a sua influência política na região, o que ameaçava o interesse de aliados dos Estados Unidos, como a Arábia Saudita.

A Casa Branca pretende que o programa balístico iraniano seja integrado no acordo, o Irão sustenta que este é essencial para a sua defesa e não é negociável.

A vitória da diplomacia não foi suficiente, estamos de volta à estaca zero.

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