Como evitar que as gotas de água se transformem em gelo nas superfícies dos aviões?

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De  Euronews
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Conheça o projeto de investigação europeu PHOBIC2ICE

Denis Loctier, Euronews: "Se costuma viajar de avião no inverno, sabe como é irritante quando o voo se atrasa por ser preciso o degelo da aeronave. A espera é compreensível já que o gelo na superfície do avião pode ser extremamente perigoso. Será que não existe uma solução melhor para este problema?"

As gotículas de água aderem à superfície de alumínio quando este está frio e húmido. Como podemos evitar isto?

"Uma das soluções para evitar a formação de gelo é revestir os elementos com camadas super-hidrofóbicas", diz Bartlomiej Przybyszewski, da Fundação Tecnology Partners.

É precisamente nisso que alguns investigadores na Polónia estão a trabalhar, num projeto de investigação europeu, designado PHOBIC2ICE. Um destes revestimentos contém nanopartículas, que criam uma camada fina protetora e repelente no alumínio.

"As nanopartículas criam um ângulo e o ar fica preso entre estas. Por isso, a gotas de água não conseguem penetrar e ficam dispersas na superfície", explica Bartlomiej.

Os investigadores procuram várias formas de tornar os materiais hidrofóbicos. Estas tecnologias avançadas são inspiradas num fenómeno natural conhecido como "efeito Lótus". As folhas desta planta apresentam papilas e ceras epiticulares que conferem à folha uma elevada repulsão da água por ação de um ângulo de contacto entre a gota de água e a superfície da folha.

Na Central de Investigação e Tecnologia da Airbus testam como se forma o gelo na superfície do avião. Um túnel de vento gelado, com um isolamento térmico em madeira, simula as condições atmosféricas e mostra exatamente como se forma o gelo em superfícies planas.

"Basicamente, criamos uma nuvem gelada dentro deste túnel. A água que entra no túnel, congela no impacto com estas estruturas", afirma um investigador.

A experiência demonstra que as partículas de água podem transformar-se em gelo no momento em que atingem o avião. As superfícies devem resistir à acumulação de gelo durante um tempo considerável para "sobreviverem" a outras condições adversas.

"Precisamos de ter a certeza que estes revestimentos não só vão ser eficazes contra o gelo, mas que vão também resistir a outros agentes atmosféricos como a areia, quando atravessarmos uma tempestade de areia, a chuva, quando atravessarmos nuvens e os raios ultravioleta", diz Elmar Bonaccurso, cientista da Central R&T Airbus.

Até ao momento, a duração destes revestimentos deixa muito a desejar. A quantidade de revestimentos que seria necessário aplicar e reaplicar não é economicamente viável.

"Neste momento, temos de usar o calor para aquecer estes elementos e não é muito eficiente. Requerem muito combustível. E os químicos que usamos para remover o gelo são prejudiciais. A engenharia de superfície será rentável e uma excelente solução", garante Jolanta Sapieha, docente do Politécnico Montreal.

As investigações vão continuar e com o tempo talvez estes revestimentos se transformem numa solução capaz de competir com os atuais métodos de degelo dos aviões.

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