A atriz Ashley Judd, uma das primeiras a denunciar os abusos sexuais que deram origem ao movimento "Mee Too," visitou vítimas de violação no Sudão do Sul, um país onde esta prática é utilizada como arma de guerra.
Na primeira visita ao Sudão do Sul, enquanto embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), a atriz Ashley Judd levou uma mensagem para as vítimas sobreviventes de violações, num país onde esta prática é uma arma de guerra corrente.
Ashley foi uma das primeiras mulheres a denunciar os abusos sexuais do produtor de Hollywood, Harvey Weinstein. Mas apesar de o movimento "Mee Too" ter despertado consciências em todo o mundo, em países devastados pelos conflitos armados, como o Sudão do Sul, milhares de mulheres sofrem em silêncio.
De acordo com o mais recente estudo do Comité de Resgate Internacional e do Instituto Global das Mulheres, 65% das mulheres daquele que é o mais novo país do mundo sofrem abusos físicos ou sexuais.,
A atriz visitou centros de acolhimento de mulheres e maternidades e ouviu histórias de grande sofrimento, mas a maior parte das mulheres recusa-se a falar para evitar a vergonha às famílias e o abandono por parte dos maridos.
O governo incentiva as vítimas a contarem as respetivas histórias, mas reconhece que o medo de represálias adensa o silêncio e permite a impunidade.
O Sudão do Sul não é o único país onde a maioria das mulheres sofre este tipo de abusos, mas aqui os números falam por si:
- É o país com a mais alta de mortalidade materna e com a mais alta taxa de iliteracia feminina;
- Cada mulher tem, em média, mais de sete filhos;
- 45% das raparigas casa-se antes dos 18 anos e 30% das adolescentes têm filhos entre os 15 e os 19 anos;
- Menos de 2% da população feminina usa métodos contracetivos modernos;
- Apenas 11,5 % dos nascimentos ocorrem com uma parteira treinada.
- Há cerca de 60 mil casos de fístula obstétrica no país.