Embarcação da Open Arms rumo às Baleares

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Direitos de autor REUTERS/Juan Medina
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De  Antonio Oliveira E Silva com REUTERS
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Depois de diferendo com Roma, ONG faz caminho mais longo para levar sobrevivente e corpos a porto seguro.

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Uma organização espanhola de resgate e defesa de migrantes, vítimas de naufrágios, encarregou-se de transportar uma sobrevivente e dois cadáveres, encontrados no Mediterrâneo, para Espanha, depois um diferendo com o Governo italiano.

A Proactiva Open Arms resgatou os dois corpos, de uma mulher e de uma criança, juntamente com uma sobrevivente, numa embarcação destroçada, na passada quinta-feira.

A ONG acusou depois a guarda costeira líbia de abandonar os migrantes e criticou Itália por ter fechado, mais uma vez, os portos à entrada de uma embarcação de resgate, aceitando receber a sobrevivente, mas não os dois corpos.

A organização pediu depois a Espanha para atracar num porto Ibérico, ainda que a decisão implicasse um trajeto mais longo. Espera-se que o Proactiva chegue ao porto balear de Palma de Maiorca dia 21 de junho.

A Itália, no entanto, rejeita que tenha bloqueado o acesso aos portos do país e disse que ofereceu à Proactiva a opção de atracar em dois portos diferentes, à escolha da organização, para deixar tanto a sobrevivente como os dois corpos.

Roma diz que apenas recusou acesso à ilha de Lampedusa porque não existem infraestruturas para o armazenamento de cadáveres.

O ministro italiano do Interior (Administração Interna), Matteo Salvini disse, via rede social Twitter, que o acesso ao navio da Proactiva nunca tinha sido bloqueado por parte das autoridades.

"Apesar da boa vontade dos nossos portos sicilianos, a ONG escolhe ir para Espanha. Têm algo a esconder?"

Versões contraditórias

A Guarda Costeira líbia, por seu lado, negou ter abandonado fosse quem fosse, mas não forneceu qualquer explicação relativamente à embarcação destroçada.

Entretanto, uma jornalista de um conhecido canal alemão disse ter testemunhado a operação de resgate da embarcação e que a Guarda Costeira líbia foi "profissional," que tudo fez para salvar os migrantes e que trabalhou com "compaixão."

No entanto, Erasmo Palazzotto, do movimento Livres e Iguais (esquerda) e deputado na câmara baixa italiana, que se encontrava a bordo de outra embarcação, disse que a jornalista falava de outra operação, a cerca de 80 milhas náuticas da zona onde se encontrava a embarcação cuja sobrevivente foi resgatada pelo barco de resgate da Proactiva.

Matteo Salvini, que é também líder do partido populista e anti-imigração Liga (antiga Liga Norte), recusou a entrada de vários navios de resgate em portos italianos e quer que as autoridades líbias se encarreguem de levar os migrantes para as costas do país norte-africano.

Mas várias são as organizações humanitárias dizem que os migrantes correm risco de tortura se forem enviados de volta para a L´íbia, Salvini quer também que a missão naval europeia Sophia, a atuar no Mediterrâneo, deixe de trazer mais migrantes resgatados para portos italianos.

Desde a formação de um Executivo de coligação em Itália entre os antissistema do Movimento Cinco Estrelas e os populistas da Liga que a Itália, na linha da frente da chamada crise dos migrantes e refugiados, adotou uma linha dura com os migrantes e com as ONG que se dedicam ao resgate no Mediterrâneo.

A saga da embarcação de resgate Aquarius, que passou 10 dias no Mar Mediterrâneo com centenas de pessoas a bordo, foi motivo de tensão entre Roma e Paris.

O Governo francês criticou a recusa de Salvini em permitir que os migrantes entrassem em território nacional, tal como fez também o Governo de Malta.

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