Orçamento italiano apertado entre promessas e obrigações

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De  Francisco Marques com Lusa
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Comissão Europeia pediu esclarecimentos sobre anunciada derrapagem do défice e governo de coligação italiano tem de responder até esta segunda-feira

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A coligação no poder em Itália admite conversar de forma construtiva com a União Europeia apesar de insistir num orçamento do Estado que vai contra as regras acordadas com os parceiros.

A abertura do executivo de Roma surgiu depois de um conselho de ministros onde foram ignoradas as críticas oriundas de Bruxelas e de o país ter sido desvalorizado pela agência Moody's devido aos objetivos de défice acima do esperado.

Matteo Salvini garante não haver nem estar a ser ponderada qualquer intenção de retirar a Itália da União Europeia nem da zona euro.

O ministro do Interior, conotado com a extrema-direita italiana, diz que os transalpinos estão confortáveis num bloco no qual pretendem apenas mudar as regras e que não existe qualquer problema à exceção da questão da fronteira com a França, para a qual promete mandar a polícia italiana para resolver os problemas.

A coligação já havia ultrapassado uma disputa interna sobre uma proposta de amnistia fiscal e agora explica que a manutenção do novo orçamento vem cumprir promessas eleitorais.

O confesso antissistema Luigi di Maio afirmou que, com o diploma fiscal elaborado, o executivo italiano confirmou de forma unânime não haver intenção de abrir contas bancárias no estrangeiro nem criar exceções penais , mas sim de reforçar um governo amigo dos mais vulneráveis.

Contudo as políticas marginais de Roma prometem elevar o défice italiano aos 2,4 por cento do PIB no próximo ano, quando o anterior governo de centro-esquerda tinha antecipado um défice de 0,8% para o próximo ano.

O desvio deve-se à intenção do governo de cumprir promessas eleitorais que exigem um aumento da despesa pública, contrariando os compromissos assumidos com a UE.

O comissário Europeu dos Assuntos Económicos, o francês Pierre Moscovici, entregou na sexta-feira ao ministro da Economia e Finanças de Itália, Giovanni Tria, uma carta com as dúvidas da Comissão Europeia em relação ao projeto de orçamento italiano.

A derrapagem italiana "não tem precedentes na história do Pacto de Estabilidade e Crescimento", escreveu a Comissão Europeia, nos excertos da carta divulgados, pedindo a Itália para responder às suas observações.

O comissário explicou que a carta expõe as inquietações da comissão sobre o défice estrutural de Itália, a sua elevada dívida pública, que supera 130% do PIB e a necessidade de o país fomentar o crescimento económico.

"O clima que temos na Europa é um clima de diálogo e disponibilidade e reiteramos que estamos confortáveis na Europa", indicou Conte.

"Estamos convencidos que não inflacionámos os números", acrescentou, em alusão às previsões governamentais de crescimento (1,5% para 2019), consideradas demasiado optimistas, quando a maior parte dos observadores, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), antecipam um crescimento de 1% no próximo ano

O governo de Roma tem até ao meio dia de segunda-feira para responder às preocupações europeias.

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