O impacto do Brexit no comércio do vinho do Porto

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De  Filipa Soares
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O Reino Unido é um dos principais mercados de exportação do vinho do Porto, mas agora esta relação comercial histórica enfrenta uma ameaça.

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O comércio de vinho do Porto entre Portugal e o Reino Unido tem séculos de existência. No século XVII, várias famílias britânicas mudaram-se para a zona norte de Portugal, onde tiveram um papel importante no desenvolvimento deste produto único.

O Reino Unido é um dos principais mercados de exportação do vinho do Porto, mas agora esta relação comercial histórica enfrenta uma ameaça. "O Brexit é uma grande perturbação. Desde o referendo de 2016 que o nosso negócio foi afetado por uma desvalorização da libra de 15%. Se o Reino Unido sair com um acordo "duro" é perfeitamente possível que a libra caia mais 15%. Isso será uma calamidade para o nosso negócio, porque a única maneira de conseguirmos continuar a fazer negócio será subir os preços e eu não acredito que o Reino Unido e os consumidores britânicos estejam preparados para pagarem mais 15% por um copo de vinho do Porto. Por isso, o nosso negócio com eles poderá cair para metade e isso é sério", afirma Adrian Bridge, CEO da Taylor's, empresa para a qual o Reino Unido representa 25% das suas vendas.

"Se o nosso comércio com o Reino Unido cair para metade isso irá custar-nos 10 milhões de euros em vendas, o que será significativo para nós, para o vale do Douro e para os nossos empregados. Não se consegue encontrar facilmente um novo mercado. Demora tempo a construir. Se sairmos com o acordo da senhora May ou com o Brexit 'duro' vão ser pelo menos mais quatro anos de incerteza e nessa incerteza, torna-se muito difícil fazer negócios", realça Adrian Bridge. 

Quando Bruxelas e Londres alcançaram um acordo sobre o Brexit, o primeiro-ministro português disse que este era um bom acordo para os interesses portugueses, porque protegia, nomeadamente, o vinho do Porto, mas agora, com o acordo em risco, a incerteza parece ser, mais do que nunca, a palavra-chave para esta relação histórica do Reino Unido com Portugal.

O presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, Gilberto Igrejas, prefere não comentar o impasse em que se encontra o acordo do Brexit, nem os cenários alternativos. "De uma forma ou de outra, há uma questão que importa a estas empresas, que é esclarecer, sobretudo, esta indefinição, porque, na realidade, o mais importante, que o que possa vir a acontecer após o Brexit, é saber como nós nos vamos reger com este novo mercado, com esta nova abrangência de políticas europeias", sublinha.

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