João de Deus nega abusos sexuais mas fica preso

João de Deus chega à esquadra da polícia em Goiânia
João de Deus chega à esquadra da polícia em Goiânia Direitos de autor REUTERS/Metropoles/Igo Estrela
De  Francisco Marques
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O famoso médium brasileiro é alvo de denúncia por mais de 300 mulheres e pelos menos 15 acusações estão a ser investigadas pela justiça

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O médium brasileiro João Teixeira de Faria, famoso como João de Deus, nega os abusos sexuais de que está a ser acusado, em Goiás, no Brasil.

Dois dias depois de ter visto a prisão preventiva decretada e de ter sido considerado no sábado um fugitivo da Justiça, por ter falhado o prazo de 24 horas para se entregar de forma voluntária, o suspeito de 76 anos acabou por se entregar este domingo.

Antes, João de Deus afirmou ao jornal Folha de São Paulo que se entregava "à justiça divina e à justiça da terra."

Já sob custódia das autoridades, o suspeito foi interrogado durante quatro horas sobre os 15 casos em investigação, tendo seguido para o Instituto de Medicina Legal para exame de corpo de delito, integrado em Portugal na chamada fase de inquérito

João de Deus foi colocado em prisão preventiva, mas a defesa está a tentar liberta-lo através de uma ação "habeas corpus".

O representante legal do suspeito pediu "um mínimo de sensibilidade" e considerou "justo" que o cliente fosse poupado à passagem pela cadeia e tivesse antes direito a prisão domiciliária com recurso a acessório eletrónico.

As denúncias

Tudo começou no passado dia 07 de dezembro. No programa de televisão "Conversa com Bial", da Rede Globo , o médium foi acusado de abuso sexual por 10 mulheres. Outras três contaram ter sido vítimas de João de Deus ao jornal O Globo.

Zahira Leeneke Maus diz que decidiu revelar o abuso sofrido por João de Deus para encorajar outras mulheres que passaram por situação semelhante a denunciarem o médium ==> https://glo.bo/2SCt8gm #G1

Publiée par G1 - O Portal de Notícias da Globo sur Dimanche 9 décembre 2018

Apenas uma das alegadas vítimas aceitou dar a cara, a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus. As restantes, todas brasileiras, preferiram manter-se anónimas.

Os abusos terão acontecido na Casa Dom Inácio de Loyola, fundada pelo médium há mais de 40 anos em Abadiânia, Goiás, onde fez fama pelas alegadas curas espirituais e agora chega a atender cerca de 10 mil pessoas por mês, a maioria estrangeiras.

As consultas são efetuadas enquanto o médium diz estar incorporando o espírito de Dom Inácio de Loyola, o basco que fundou em Paris, em 1534, a Companhia de Jesus.

Algumas pessoas são depois recebidas em consultas particulares com o líder espiritual da Casa Dom Inácio de Loyola.

Foi nessas consultas privadas que Zahira Leeneke Maus alega ter sido abusada sexualmente inclusive com penetração e ejaculação sem proteção.

Uma das grandes promotoras a nível internacional dos alegados feitos milagrosos de João de Deus foi a norte-americana Oprah Winfrey.

A apresentadora de televisão visitou a Casa Dom Inácio de Loyola em março de 2012, entrevistou o médium e experienciou o quotidiano daquele local de cura espiritual durante algum tempo.

Após estas recentes acusações, Oprah, uma apoiante do movimento #MeToo, retirou dos respetivos canais na internet a entrevista com João de Deus.

A acusação contra João de Deus agravou-se entretanto durante a semana e já ultrapassa as três centenas de denúncias. O médium alega inocência e conta com diversos seguidores a organizar manifestações de apoio em Abadiânia, mas para já mantêm-se atrás das grades.

REUTERS/Adriano Machado
Seguidores de João de Deus unem-se no apoio ao suspeitoREUTERS/Adriano Machado

Outras fontes • Globo, Folha de São Paulo

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