Os casos de pedofilia envolvendo a igreja católica voltam a estar na ordem do dia em França. O arcebispo de Lyon, Cardeal Philippe Barbarin, acusado de ter escondido os abusos sexuais cometidos pelo padre Bernard Preynat, está no banco dos réus.
PUBLICIDADECardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, comparece, a partir desta segunda-feira, perante o Tribunal Correcional da cidade francesa.
Barbarin é acusado de esconder os abusos sexuais cometidos, há 25 anos, por um padre pedófilo que manteve como responsável por uma paróquia da sua diocese.
"A sala de audiências atrás de mim está lotada. É verdade que o cardeal Barbarin é uma figura importante da Igreja Católica em França. Barbarin foi mesmo citado como possível candidato ao papado. Logo, para as supostas vítimas, mais do que o julgamento de alguns indivíduos, trata-se do julgamento de todo um sistema: o sistema da Igreja Católica e a sua tradição de omerta," revela a jornalsita da Euronews, Valerie Gauriat.
O processo, onde também respondem outros cinco ex-líderes da diocese, deverá prolongar-se até à próxima quarta-feira.
"É um culminar, para que possamos dizer que as pessoas que foram incriminadas devem responder perante a justiça por este tipo de atos. É muito importante, sim. E esperamos que venha a influenciar outros casos. Espero que as pessoas mudem, realmente, a sua visão sobre a pedofilia, não apenas na Igreja, mas em todas as instituições," afirmou Pierre-Emmanuel Germain-Thill, uma das vítimas
Segundo a acusação, os réus teriam conhecimento das agressões sexuais que o padre Bernard Preynat praticou, entre 1970 e 1990. De recordar que, em setembro, o Vaticano rejeitou a comparência perante o tribunal do cardeal espanhol Luis Ladaria Ferrer, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, alegando imunidade diplomática. As vítimas consideram o seu testemunho "crucial", já que Barbarin o consultou em 2015 sobre o que fazer quanto às queixas de pedofilia.