A primeira-ministra britânica apelou à aprovação do acordo para a sa´ída do Reino Unido da União Europeia perante a Câmara dos Comuns e disse que a União Europeia iria assumir os compromissos assumidos.
Theresa May pediu aos membros da Câmara dos Comuns para analisarem, mais uma vez, o acordo alcançado entre Londres e a União Europeia relativo à saída do Reino Unido do bloco europeu, numa tentativa de conseguir um processo ordenado e com um período de adaptação.
Para a primeira-ministra, um voto contra o acordo é, na realidade, um voto a favor de um hard brexit, representando uma possível "catástrofe" para o país, como o aumento do voto em partidos populistas e de extrema-direita.
"Digo aos membros deste parlamento - seja qual for a decisão a que tenham chegado - que leiam o documento uma segunda vez," disse May.
"Não, não é perfeito e sim, é uma solução de compromisso. Digo que deveríamos fazer o que é correto pelo povo britânico e avançar no sentido da construção de um futuro melhor para o nosso país e apoiar este acordo amanhã," continuou.
O futuro do Reino Unido encontra-se nas mãos dos membros da câmara baixa do parlamento, que deverá votar, terça-feira, 15 de janeiro, o documento.
Espera-se que o resultado seja um balde de água fria para a primeira-ministra e para o Governo do Partido Conservador.
Com a possível rejeição do acordo, tudo fica em aberto, desde o bloqueio total do processo até a uma saída hard brexit , ou seja, o abandono da UE da parte dos britânicos sem um período de adaptação e sem acordos em várias áreas, desde a livre circulação de pessoas aos acordos comerciais.
O brexit está na origem da mais profunda crise que afeta a política do Reino Unido nos últimos 50 anos.
Uma carta de Bruxelas
Theresa May e a União Europeia trocaram, nos últimos dias, cartas, mas o objetivo de Bruxelas de assegurar os deputados britânicos de que as condições do acordo seriam cumpridas não parece ter sido alcançado.
A Comissão Europeia explicou a Theresa May que a União tinha como objetivo honrar os compromissos assumidos, de forma evitar a ativação do chamado backtsop na fronteira que separa a província britânica da Irlanda do Norte da República da Irlanda.
O mecanismo visa evitar o regresso à fronteira tradicional na ilha, conseguido graças aos acordos de sexta-feira Santa de 1998, com o objetivo de pôr fim ao conflito entre católicos e protestantes.
A primeira-ministra britânica insistiu ainda , perante os representante da câmara baixa, que nada na carta poderia ser considerado como inconsistente com o esboço do acordo e que a vontade expressada em chegar a um acordo comercial da forma mais rápida possível tinha valor legal e que comprometia o bloco europeu formalmente.
Ainda assim, caso o mecanismo do backstop tivesse de ser aplicado, seria feito de forma temporária e durante o mais curto período de tempo possível.