Na fronteira entre as Irlandas teme-se o Brexit

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O correspondente da Euronews Vincent McAviney viajou até à fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda para auscultar os sentimentos da população em relação ao Brexit.

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O correspondente da Euronews Vincent McAviney viajou até à fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda para auscultar os sentimentos da população em relação ao Brexit.

Parte do sucesso do Acordo de Belfast, assinado em 1998, deve-se ao facto de ter eliminado todas as infraestruturas fronteiriças construídas durante os anos do conflito entre nacionalistas e unionistas.

"Estou na fronteira da Irlanda do Norte com a República da Irlanda e não há qualquer sinal ou linha nesta ponte que nos assinale isso. Não há controlos fronteiriços, mas tudo isso pode mudar nas próximas semanas dependendo da evolução do Brexit. Aqui pode vir a existir um controlo aduaneiro na fronteira com a União Europeia e isso pode afetar o processo de paz e as pessoas estão muito preocupadas", realça Vincent McAviney.

No dia 19 de janeiro deste ano, uma viatura armadilhada explodiu em Londonderry, na Irlanda do Norte. A polícia atribuiu o ataque ao Novo IRA, um ramo dissidente do Exército Republicano Irlandês. Ninguém ficou ferido, mas chegou para assustar uma comunidade, que pensava que estes tempos já tinham sido ultrapassados.

Uma das pessoas que ficou chocada foi Peter Sheridan, um antigo polícia, que passou grande parte da carreira na fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda a combater o crime organizado e o terrorismo.

O primeiro posto alfandegário foi estabelecido aqui e os agentes foram atacados. A polícia acabou a proteger os postos alfandegários e os funcionários aduaneiros. E então, quando a polícia foi atacada, o exército veio proteger a polícia e, quando o exército foi atacado, eles construíram coisas para se protegerem. Claro que eles não construíram com a intenção de intensificar o problema, mas é esse tipo de consequências não intencionais que a segurança acaba por provocar. Se se permitir queixas e resistência, então as pessoas vão-se restabelecer e começar a aumentar a sua capacidade novamente. Agora vai demorar um tempo considerável. Eles não vão conseguir fazer isso de um dia para o outro e vão vigiar para tentar impedir tudo isso, mas eu só posso lembrar a história deste sítio", afirma Sheridan.

Essa tensão histórica é algo que Tara e Conor, ambos com 21 anos, pensavam fazer parte dos livros de história, mas agora temem que volte às ruas.

"Foi uma solução única a que foi encontrada para os problemas e penso que foi feita de forma bastante delicada e o equilíbrio certo foi atingido com o processo de paz e o Acordo da Sexta-feira Santa. E penso que qualquer perturbação pode fazer isto entrar numa espiral", afirmou a estudante universitária Tara Ni Chonghaile.

"Se eu visse infraestruturas físicas, ficaria zangado. Claro que não ia recorrer à violência. Espero que não, mas isso provocaria ira. E se tivermos um Brexit duro e se a economia se afundar aqui, muitos jovens vão ficar descontentes, sobretudo nas regiões fronteiriças, que foram desiludidas pelos Governos subsequentes. Eles não têm nada para fazer e esta ideia romântica de lutar pela liberdade irlandesa ou de lutar para defender o Ulster ou o que seja pode atraí-los facilmente", acredita Conor McArdle, estudante universitário.

A população da Irlanda do Norte, tal como do resto do Reino Unido, aguarda para ver como é que os deputados britânicos vão votar na próxima semana em Westminster, em mais um capítulo do Brexit.

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