Football Leaks: advogado confirma que justiça francesa fez cópias dos documentos

Football Leaks: advogado confirma que justiça francesa fez cópias dos documentos
De  Antonio Oliveira E Silva com Lusa e AFP
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William Bardon, um dos advogados do denunciante português, esteve presente numa conferência, em Lisboa, relacionada com a proteção de testemunhas e dos chamados "whistleblowers".

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Um dos advogados que defende o hacker Rui Pinto confirmou que a justiça francesa fez uma cópia dos documentos essenciais para o processo conhecido como "Football Leaks" e que todos os dados deverão chegar à Eurojust - agência da União Europeia para os temas relacionados com a justiça - dentro de pouco tempo.

Durante um debate realizado em Lisboa, William Bourdon disse ainda que o colaborador do "Football Leaks" referiu também que as autoridades de vários países europeus seguem o caso com atenção.

O debate "Football Leaks e a proteção dos denunciantes: O papel de Rui Pinto" contou também com a presença da eurodeputada portuguesa Ana Gomes e do denunciante Antoine Deltour, entre outros.

William Bourdon garantiu que a colaboração entre Rui Pinto e as autoridades francesas constitui "uma ligação ativa" e que continua a existir um contacto com o seu cliente, que "foi a Paris, onde foi ouvido pelo procurador (...)"

Sem dar mais detalhes, acrescentou que o procurador francês quer vir a Portugal para recolher mais declarações, tal como acontece com o procurador belga.

"Os contribuintes portugueses devem perceber que é do seu interesse ver este inquérito avançar", sublinhou.

Bourdon revelou ainda estar "muito orgulhoso por defender Rui Pinto," que descreveu como "um bom rapaz, muito gentil, inteligente e lúcido."

Tenho defendido Antoine Deltour, Edward Snowden e Hervé Falciani e posso dizer que Rui Pinto pertence a este clube restrito de whistleblowers mais proeminentes deste século".

Indiciado por quatro crimes

Em prisão preventiva desde 22 de março, Rui Pinto, de 30 anos, é indiciado em Portugal pela prática de quatro crimes: acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada.

Foi detido na Hungria, onde se encontrava desde 2015, e chegou a Portugal dia 21 de março, com base num mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Na base do mandado estão alegados acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting Clube de Portugal e do fundo de investimento Doyen Sports.

O suspeito terá depois divulgado documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.

O colaborador do Football Leaks terá entrado, em setembro de 2015, no sistema informático da Doyen Sports, com sede em Malta.

É também suspeito de aceder ao endereço de correio eletrónico de membros do Conselho de Administração e do departamento jurídico do Sporting.

No período em que esteve detido na Hungria, Rui Pinto assumiu ser uma das fontes do Football Leaks, plataforma digital que tem denunciado casos de corrupção e fraude fiscal no universo do futebol.

Eurodeputada Ana Gomes apela à proteção dos denunciantes

Durante o debate "Football Leaks e a proteção dos denunciantes - o papel de Rui Pinto", Ana Gomes assumiu ter confiança na justiça, mas também disse "não ser ingénua".

A eurodeputada apelou ainda à proteção jurídica dos denunciantes e anunciou que o Parlamento Europeu vai votar em abril uma diretiva que vai criar mecanismos de defesa para pessoas nestas condições.

"Estas informações devem ser uma oportunidades não apenas para o futebol português mas igualmente para o futebol mundial," recordou a eurodeputada.

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"Imagino que muitas das questões que o Rui Pinto tenha a transmitir às autoridades tenham a ver com branqueamento de capitais", disse Ana Gomes.

Editor de vídeo • Antonio Oliveira E Silva

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