Rumo às eleições europeias: De Slupsk até ao Parlamento Europeu

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De  João Paulo GodinhoVincent McAviney
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Robert Biendron foi o primeiro político polaco a assumir a homossexualidade e lidera o partido de esquerda Wionsa na tentativa de chegar a Estrasburgo

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Não é preciso procurar muito para perceber porque é que a Polónia é conhecida como um dos países mais católicos da União Europeia. É um país socialmente conservador, que se pensa estar a virar cada vez mais à direita sob o atual governo do Partido da Lei e da Justiça.

Por isso, encontrámo-nos com Robert Biendron. Candidato a um lugar de deputado no Parlamento Europeu e ex-presidente da Câmara Municipal de Slupsk, Biedroń foi o primeiro político polaco a assumir publicamente ser homossexual e falou à reportagem da euronews enquanto fazia campanha ao lado do companheiro e agora também candidato Krzysztof Śmiszek.

Biedron criou um novo partido, o Wionsa – que se traduz como Primavera -, e este está a crescer nas sondagens para as eleições europeias.

O slogan do partido de esquerda é "Finalmente, uma mudança" e o reformista está a ser comparado ao presidente francês Emmanuel Macron. Para os apoiantes de Biedron reina a esperança de que o Wionsa possa ajudar a impedir a ascensão do populismo de direita no país.

“Penso que ele é um líder nato, porque é realmente carismático, não tem medo de falar em público, fala de coisas que as outras pessoas temem falar, como, por exemplo, o problema da igreja. Acho que ele é capaz de mudar este país para melhor. Não temos reais direitos para todos, o governo só dá direitos às pessoas que acham correto dar direitos, e assim é como se os direitos das mulheres ou da comunidade LGBTI não existissem neste país", afirma uma jovem polaca.

Já outra eleitora polaca enaltece a capacidade dos membros do Wionsa de "chegar às pessoas" e "andar no terreno, ao contrário do Partido da Lei e da Justiça".

Como autarca de Słupsk, Biedroń tornou-se mediático por ter um sofá vermelho na rua para ouvir as preocupações dos cidadãos locais.

O projeto do Wionsa para a Europa

A agenda de eventos de Biedron estava demasiado preenchida para instalar o sofá insuflável vermelho da euronews, pelo que subimos a bordo do autocarro para 'dois dedos de conversa' antes do próximo comício.

"A Polónia, tal como a Europa, precisa de um pouco de ar fresco, uma nova energia, e o Primavera traz ambos. Pensamos que a Europa está sob ataque de populistas: vemos isso na Polónia, na Hungria, na Itália, na Roménia e na Grécia. Esta é a nossa reação contrária, ou seja, é a nossa resposta ao movimento populista. Precisamos de mais Europa, precisamos da Europa que está unida, precisamos da Europa que se preocupa e que cuida de todos. E é isso que representamos no nosso programa", declara Krzysztof Śmiszek, candidato a eurodeputado do Wionsa.

"Nós representamos a frescura, o otimismo, trazemos algo para o futuro, algo progressista para a Europa e para a Polónia. Este é o momento para uma mudança e uma mudança também na Polónia, porque antes de estabelecermos o partido, todas as sondagens sobre a situação na Polónia mostravam que populistas de direita iriam governar nos próximos anos. Agora, há a esperança de que vamos pará-los", acrescenta Biendron.

Em simultâneo com a sua candidatura ao Parlamento Europeu, outro político assumidamente homossexual, o norte-americano Pete Buttigieg, é um dos candidatos democratas à nomeação do partido para as próximas eleições presidenciais dos EUA. Questionado sobre uma possível candidatura presidencial na Polónia, Biendron prefere concentrar as suas energias no presente.

"Vamos ver... Agora estou a concorrer como líder de um partido de poder progressista para o Parlamento Europeu, depois seremos candidatos ao parlamento polaco, e, por fim, veremos o que irá sair daí. Mas estamos imparáveis, este é o momento para uma mudança. Ou aproveitamos ou perdemos... Ou vamos ter a Europa ou caminharemos para leste na direção da Rússia e da Bielorrússia. Este é um momento civilizacional".

Entre as hipóteses realistas, pessimistas e otimistas

Alguns críticos dizem que as hipóteses de Biedron num país tão conservador são pequenas e que ele é essencialmente uma figura mediática, mas o professor Zbigniew Neccki, um dos principais psicólogos sociais da Polónia pensa que Biedron tem o que é preciso para liderar.

“Na minha opinião, Robert Biedron tem realmente uma oportunidade. É um homem de valor e as suas posições são positivas: para ele, para a comunidade, para todos nós. Portanto, vamos conter-nos nas condenações unilaterais. Se um homem fala com sabedoria, age com sensatez e mostra o lado bom da nossa convivência social, acredito que será apreciado. Não só hoje e amanhã, mas também depois de amanhã, daqui a um mês ou mesmo em várias eleições”, observa.

Agora, com a última semana de campanha para o primeiro teste eleitoral do novo partido, significa que é hora de voltar à estrada.

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