O drama dos refugiados no conflito na Líbia

O drama dos refugiados no conflito na Líbia
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De  Anelise Borges
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Centenas de migrantes e refugiados são apanhados no meio do conflito interno que divide a Líbia desde 2011 e estão sem perspetivas de futuro.

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Quando a guerra se aproxima demasiado, fugimos, a menos que não nos seja permitido. Esta filmagem amadora mostra migrantes e refugiados num centro de detenção no momento de um ataque alegadamente cometido por milícias líbias que se julga fazerem parte das tropas do marechal Khalifa Haftar e da ofensiva que lançou sobre Tripoli.

Munir e seu filho Murad – de apenas sete anos - viram tudo e dão o seu testemunho à correspondente da Euronews Anelise Borges.

“Pessoas com armas vieram na nossa direção e quiseram levar os nossos telemóveis e o nosso dinheiro. Fomos divididos em 3 grupos. Na primeira sala, eles levaram os telefones e dinheiro. Na segunda sala, onde um grupo de cristãos estava a rezar com o padre, o grupo de homens armados entrou e ordenou que parassem. Eles recusaram. E foi aí que eles começaram a disparar. Entre 18 a 20 pessoas foram feridas por balas. As pessoas começaram a gritar. Eles pegaram nas metralhadoras e encheram a sala de balas ", afirma.

Sete pessoas terão morrido e dezenas ficaram feridas. Estima-se que a Líbia tenha mais de 20 centros de detenção - onde migrantes e refugiados que tentam atravessar ilegalmente a Europa são mantidos, enquanto aguardam por repatriação voluntária ou deportação.

Pelo menos cinco desses centros estão localizados em Tripoli ou na periferia da cidade. E desde 04 de abril estão expostos de forma contínua à escalada do conflito. A Euronews pediu às autoridades líbias o acesso a estes centros para ver por si mesma as condições em que estes homens, mulheres e crianças vivem atualmente.

Para as organizações humanitárias no terreno, a situação é terrível, como conta Sam Turner, chefe da missão dos Médicos Sem Fronteiras para a Líbia.

“Os centros de detenção não foram construídos para abrigar pessoas. Na maior parte das vezes são armazéns que foram reaproveitados para o armazenamento de pessoas em vez de mercadorias. Às vezes chamamos as celas de hangares, por serem salas grandes, longas e abertas, onde centenas de pessoas são acomodadas e trancadas lá dentro. As pessoas estão a dormir no chão de cimento, às vezes com um colchão muito fino, e com um acesso escasso ao mundo exterior.”

Depois de sobreviverem ao ataque, Munir e a família escaparam do centro de detenção e receberam refúgio nesta escola transformada em abrigo no centro de Tripoli. No entanto, esta família natural da Eritreia não tem ideia do que vai acontecer a seguir.

“Não posso escolher um país. Eu iria para qualquer país que me aceitasse. Um país seguro onde os meus filhos possam ter uma educação. A minha única ambição é chegar a um país seguro onde posso falar e expressar-me de forma livre. Mas se a escolha fosse minha, iria para os Estados Unidos, Canadá ou Inglaterra. Se dependesse de mim, iria para o Canadá", confessa.

Por enquanto, o Canadá é um sonho distante. Se e quando a batalha por Tripoli terminar, e esta escola reabrir para os estudantes, Munir e a família serão provavelmente presos outra vez. E continuarão a enfrentar as agruras de uma realidade que desejam que não fosse a deles.

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