A União Europeia financia vários programas para garantir o acesso das crianças à educação. Hebron é um dos sítios mais complicados.
O conflito entre israelitas e palestinianos dificulta a escolarização de milhares de alunos.
A euronews esteve em Hebron, na Cisjordânia, uma cidade dividida em duas partes. 80% do território está sob controlo palestiniano, a chamada área H1. 20% da cidade está sob controlo israelita, a chamada área H2, onde 40 mil palestinianos vivem ao lado de 800 colonos israelitas sob a proteção de 650 militares. Para irem à escola, cerca de 4200 estudantes palestinianos em Hebron são obrigados a passar por postos de controlo.
Hebron é a única cidade palestiniana onde os colonatos israelitas se encontram dentro da cidade. Áreas inteiras controladas pelos israelitas foram fechadas para proteger os colonos. A rua Shuhada, onde antes ficava um animado mercado, é hoje uma "zona estéril". Apesar de viverem nessa parte da cidade, os palestinianos não podem circular à vontade.
Ir à escola: uma luta diária
Para Waed Sharabati, uma estudante palestiniana de 13 anos, ir à escola é uma luta diária. "Todos os dias, quando vou à escola, enfrento muitos desafios. Há muitos soldados. Somos revistados todos os dias e chego sistematicamente atrasada", contou Waed Sharabati.
Em frente do portão da escola primária, há um posto de controlo onde a euronews não foi autorizada a filmar.
O apoio da União Europeia aos alunos palestinianos
Devido à pressão vivida pelos estudantes, a escola foi incluída no programa Aprender Melhor, uma iniciativa financiada pela Ajuda Humanitária da União Europeia e implementada pelo Conselho para os Refugiados da Noruega.
"Este ano, queremos ajudar 80 escolas na Cisjordânia. Nas escolas mais vulneráveis, 20% das crianças ficaram fortemente traumatizadas. Os resultados são promissores porque em média dois terços das crianças passam de quatro pesadelos por semana, a zero pesadelos", contou Camilla Lodi, responsável da organização norueguesa.
O programa inclui exercícios de relaxamento para ajudar os estudantes a melhorarem a concentração, aulas especiais para os estudantes com dificuldades de aprendizagem e sessões de ajuda psicológica para as crianças que têm pesadelos regularmente.
"Quando comecei o programa, aprendi a controlar a minha ira e a ultrapassar os desafios. E tenho melhores resultados na escola", contou Waed Sharabati.
38 mil estudantes expostos à violência
A União Europeia financia vários programas para garantir o acesso das crianças à educação em numerosos países. Hebron é um dos sítios mais complicados.
"De acordo com as estimativas da ONU, há 38 mil estudantes expostos à violência relacionada com o conflito na área controlada pelas autoridades israelitas em território palestiniano. Há cerca de 50 escolas nessa área que correm o risco de ser demolidas", afirmou Michelle Cicic, da Ajuda Humanitária da UE.
"Para a União Europeia, a educação é um direito humano básico. Estas violações dos direitos humanos têm um impacto nas crianças e na possibilidade de elas irem à escola de forma segura", acrescentou a responsável da UE.
Israelitas prendem menores
Para os habitantes da área H2 em Hebron, a vida quotidiana é difícil. "Pode haver um ataque a qualquer momento. Os colonos podem usar gás pimenta. Podem atacar-nos com tanques e podem atacar os nossos filhos", queixou-se Zidane Sharabati, palestiniano residente em Hebron.
As autoridades israelitas prendem frequentemente menores, à volta e dentro das escolas. Atualmente, cerca de duzentas crianças estão detidas nas prisões israelitas, vinte e uma são oriundas de Hebron. O Centro de Informação Israelita para os direitos humanos nos territórios ocupados critica as ações do exército.
"Para o exército israelita, a questão dos menores é uma forma de gerir a ocupação. Todos os aspetos da vida dos palestinianos estão expostos ao conflito. Tudo depende das decisões arbitrárias dos israelitas", criticou Hagai El-Ad, diretor da estrutura.