Japão retoma caça à baleia e Islândia suspende-a

Baleias-piloto no convés de um barco perto de Taiji, a mais antiga vila baleeira do Japão
Baleias-piloto no convés de um barco perto de Taiji, a mais antiga vila baleeira do Japão Direitos de autor REUTERS/ Issei Kato/ Arquivo
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De  Francisco Marques com Reuters
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Em Tóquio, já há quem afie as facas para confecionar, por exemplo, "tacos com molho de soja e baleia frita". Em Reiquiavique, sem baleia fresca, vai haver mais ouriços-do-mar no prato este verão

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Já está a ter impacto nos menus de restaurantes o reinício da caça comercial à baleia pelo Japão.

As autoridades nipónicas concretizaram este fim de semana, 70 anos após a adesão, a anunciada saída da Comissão Baleeira Internacional (IWC, na sigla inglesa) e dão reinício já esta segunda-feira à caça comercial de cetáceos, que haviam suspendido em 1988.

Em Tóquio, os restaurantes começam a afiar as facas e a adaptar as cartas.

A agência de notícias nipónica NHK, revela-nos inclusive o caso do restaurante mexicano gerido por Shintaro Kasai, onde os clientes vão poder passar a degustar "tacos com molho de soja e baleia frita" entre os três novos pratos preparados à base de carne de cetáceos.

Há restaurantes, porém, onde carne de baleia não será propriamente uma novidade.

A agência conta-nos também o caso do estabelecimento gerido por Mitsuo Tani, também na capital nipónica, onde já era possível comer "sashimi" e bifes de baleia, nos quais era utilizada carne de cetáceos alegadamente capturados para fins científcos.

Mitsuo Tani sublinhou à NHK a riqueza da carne de baleia, que descreve como muito saudável por ter alto teor de proteínas e baixas calorias.

O empresário espera que o recomeço da caça comercial venha a atrair mais jovens e mulheres para a degustação de cetáceos.

Japão alvo de críticas

A decisão do Japão foi alvo de protestos de ativistas pela defesa dos animais em diversos locais, como aconteceu por exemplo em Londres, no Reino Unido, e criticada por personalidades internacionais como o músico Bryan Adams.

O canadiano, de 59 anos, que viveu parte da adolescência em Portugal, considera a retomada da caça comercial à baleia "um enorme passo atrás". "Devemos estar a pèrotege-las, não a matá-las", sublinha Bryan Adams.

O Japão retirou-se oficialmente este fim de semana da IWC e anunciou para este primeiro dia de julho a retomada da caça comercial.

Diversos baleeiros já se preparavam nos portos nipónicos este domingo para se fazerem ao mar, à caça.

A NHK garante ter contactado o ministro das pescas da Noruega, um dos países membros da IWC, a par da Islândia, que continua a pescar baleias para fins comerciais, para obter uma reação à decisão do Japão.

Tom Nesvik, o ministro norueguês, recusou tomar posição sobre a decisão nipónica, mas terá dito à agência que a IWC se tornou disfuncional e sublinhou que a pesca sustentável de baleias é possível.

Noruega e Islândia mantêm os planos de continuar a caçar baleias com fins comerciais, conclui a NHK.

Islândia suspende caça

A rádio e televisão pública islandesa Ríkisútvarpið (RÚV) avança, no entanto, que este verão, pela primeira vez desde 2003, os pescadores não vão lançar os arpões às baleias.

Entre 2003 e 2006, os baleeiros da Islândia capturaram cetáceos para alegados fins científicos e daí para cá têm vindo a pescar baleias para fins comerciais.

Em fevereiro o ministro islandês das Pescas e Agricultura, Kristján Þór Júlíusson, autorizou a caça à baleia até 2023, com uma limitação anual de 209 baleias comuns e 217 baleias anãs entre 2018 e 2025.

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A decisão de não pescar baleias esta temporada estará, curiosamente, relacionada com a dificuldade de exportar a carne de baleia para o Japão.

Também o Instituto de Pesquisa Marinha, da Islândia, não prevê receber cetáceos este verão para fins científicos.

Os pescadores das baleeiras deverão assim focar-se, até 01 de setembro, na apanha de ouriços-do-mar. A caça à baleia na Islândia deverá ser retomada na próxima primavera.

Outras fontes • NHK

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