SOS Mediterrâneo troca "Aquarius" por "Ocean Viking" e apela à UE

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De  Francisco Marquesjessica saltz com AFP
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A organização não-governamental dedicada à busca e resgate de migrantes no mar inicia nova missão e exige a Bruxelas regulamentação que proteja os desembarques na Europa

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O resgate de migrantes no Mediterrâneo ganha uma nova força em alto mar. A organização não-governamental SOS Mediterrâneo, que operou a bordo do "Aquarius", um dos barcos protagonistas da crise de migrantes no ano passado, está de volta ao mar com uma nova missão.

Agora a bordo do "Ocean Viking", um navio de pavilhão norueguês, com quase 70 metros de comprimento por 15,5 metros de largura, construído em 1986 para missões de abastecimento e salvamento da indústria petrolífera no Mar do Norte.

O navio foi adaptado para retomar as operações outrora realizadas a bordo do "Aquarius" com diversos contentores preparados para abrigar e prestar assistência às pessoas resgatadas.

O "Ocean Viking" integra também quatro botes "zodíacos" e uma clínica médica com salas para consultas, triagem e repouso.

A Euronews está a acompanhar o início desta nova missão e ouviu o diretor-geral da SOS Mediterrâneo-Alemanha exigir à União Europeia (UE) regulamentação que permita à ONG desembarcar em portos seguros pessoas resgatadas no Mediterrâneo.

O regresso ao mar da SOS Mediterrâneo acontece após o arresto do barco "Sea Watch 3" em Itália e da detenção (entretanto libertada) da capitã alemã Carola Rackete, por forçar o desembarque de migrantes em Lampedusa.

Falámos com as autoridades responsáveis pelos resgates e com os centros de controlo de resgates. O passado mostrou-nos que o transporte para um porto seguro leva demasiado tempo.

A SOS Mediterrâneo foi a primeira ONG a ser confrontada com um porto fechado em junho do ano passado. Daí para cá, a situação agravou-se.

O que se passou com Carola Rackete e o 'Sea Watch 3' foi apenas mais um ponto negativo em toda esta miséria. E mostra-nos um Estado-membro europeu de novo a violar a lei marítima internacional
David Starke
Diretor-geral da SOS Mediterrâneo-Alemanha

A nova missão da SOS Mediterrâneo inclui também nove elementos dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), incluindo uma parteira.

A presidente dos MSF sublinha que "o salvamento no mar não é apenas tirar as pessoas da água, é também desembarcá-las num porto seguro".

"Isso revela-se um problema porque deixamos a Grécia e a Itália assumir a responsabilidade principal desses desembarques. A cimeira de hoje em Paris deve permitir a partilha de responsabilidades", afirmou Joanne Liu, em declarações proferidas durante o anúncio do relançamento da missão da MSF de busca e resgate no Mediterrâneo.

Não fazemos isto para nada. Vai ser difícil e vamos precisar de muito apoio e boa vontade. Não conseguimos fazer tudo num barco enquanto tentamos salvar vidas.
Joanne Liu
Presidente dos Médicos Sem Fronteiras

A MSF estima que mais de 800 mil pessoas tentaram atravessar o Mediterrâneo desde o início deste ano. Pelo menos 426 pessoas já perderam a vida na tentativa de completar a travessia.

"Estamos a voltar ao mar porque há pessoas a morrer afogadas. Estamos a voltar ao mar como um ato humanitário destinado a salvar vidas. Estamos a voltar ao mar enquanto os conflitos se agravam em Tripoli e cada vez mais migrantes e refugiados estão a morrer na Líbia", expressou a presidente da MSF, num comunicado que pode ser lido na página oficial da organização.

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