Boris Johnson é eleito e promete o "brexit" na Noite das Bruxas

Boris Johnson celebra à porta da sede do Partido Conservador britânico
Boris Johnson celebra à porta da sede do Partido Conservador britânico Direitos de autor REUTERS/Toby Melville
De  Francisco Marques
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O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros ganhou a corrida à liderança do Partido Conservador. O título vale também a sucessão de Theresa May, esta quarta-feira, como primeiro-ministro britânico

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O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, ganhou a corrida à liderança do Partido Conservador. O título vale também a sucessão de Theresa May, esta quarta-feira, como primeiro-ministro do Reino Unido e novo líder do processo do "brexit" previsto para 31 de outubro.

Derrotou o ainda ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, com 66% dos quase 150 mil votos expressos.

Pela primeira vez, os conservadores elegeram também, mas de forma indireta, o novo primeiro-ministro, o que acaba por ser decidido, curiosamente, por apenas 0,2% da população britânica.

As derradeiras horas de Theresa May

Derrotada após três rejeições parlamentares do acordo celebrado com Bruxelas para o "brexit", Theresa May anunciou a demissão em lágrimas a 24 de maio, cumpriu a derradeira reunião do executivo esta terça-feira.

A líder demissionária dos tem um último ato enquanto primeira-ministra na manhã de quarta-feira, numa das habituais sessões de perguntas e respostas do chefe do Governo britânico perante o Parlamento. Segue-se à tarde a entrega da demissão à Rainha.

Após a renúncia de May e pouco mais de 24 horas após o anúncio da eleição como novo líder dos Conservadores, Boris Johnson será recebido no Palácio de Buckingham pela Rainha Isabel II para ser instituído como primeiro-ministro e convidado a formar Governo.

O Partido Trabalhador, de Jeremy Corbyn, não demorou a reagir. Num post em que convidam à "partilha da verdade" sobre o futuro primeiro-ministro, afirmam: "não pode confiar em Boris Johnson."

"Brexit": A longa novela da política britânica

A principal tarefa do novo chefe de Governo será conduzir o processo de saída da União Europeia (UE): o "brexit" foi fixado por mútuo acordo com Bruxelas para ocorrer em 31 de outubro.

Boris Johnson abalou o Parlamento com a exigência de cumprir o prazo do "brexit", com ou sem acordo, tentando pressionar Bruxelas a aceitar a renegociação dos termos da saída britânica da UE.

Antigo apoiante do "remain" (termo para os que defendiam a permanência na UE), Jeremy Hunt admitia pedir mais tempo para também ele negociar um novo acordo de saída com melhores possibilidades de ser aceite pelo Parlamento britânico do que o acordado por Theresa May;

A UE já fez saber que o acordo já alcançado é o único possível para uma saída "a bem" do Reino Unido.

O Partido Conservador apenas se tem mantido no poder porque tem o apoio dos 10 deputados eurocéticos do Partido Unionista Democrático, da Irlanda do Norte.

Entre os Conservadores há opositores ao "brexit" e outros contra uma saída sem acordo da UE, e isso revela-se um forte obstáculo ao sucesso da saída prometida por Boris Johnson - há até quem ameace fazer cair o governo para evitar um "no deal";

Temos de reconcilar outra vez dois tipos de instintos. Dois nobres conjuntos de instintos: o desejo profundo de amizade, comércio livre e o apoio mútuo na segurança e na defesa entre o Reino Unido e os nossos parceiros europeus. E o desejo simultâneo, igualmente profundo e sincero, de termos um governo democrático independente neste país. Sabemos que somos capazes e as pessoas deste país confiam em nós para o conseguirmos. Sabemos que vamos conseguir.
Boris Johnson
Líder do Partido Conservador

Dois sub-secretários de estado já anunciaram a saída do Governo perante a estratégia anunciada por Boris Johnson.

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Alan Duncan, demitiu-se na segunda-feira e disse ter proposto, sem sucesso, à Câmara dos Comuns uma avaliação à capacidade do novo líder conservador para formar Governo.

O ministro da Justiça Davis Gauke, o ministro das Finanças ("chancellor") Philip Hammond e o secretário para Desenvolvimento Internacional Rory Stewart ameaçam bater com a porta caso "BoJo", como também é conhecido Johnson, fosse mesmo o eleito para liderar o partido.

Garantida a vitória na corrida à liderança do Partido Conservador, o futuro político a breve prazo não se afigura fácil para o futuro primeiro-ministro do Reino Unido, cujas prioridades de governo estão apresentadas: cumoprir o "brexit", unir o país e derrotar Jeremy Corbyn, o líder da principal força de oposição, o Partido Trabalhista.

Vamos dar energia a este país, cumprir o 'brexit' a 31 de outubro e aproveitar todas as oportunidades que se vão abrir num novo espírito confiante. Vamos uma vez mais acreditar em nós mesmos e no que podemos alcançar. Como um gigante adormecido, vamos levantar-nos e cortar as amarras da nossa falta de confiança e negativismo.
Boris Johnson
Futuro primeiro-ministro do Reino Unido
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