Petroleiro do Iémen em risco de explodir e causar desastre ambiental

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De  Elza GONCALVES
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Um petroleiro abandonado na costa do Iémen ameaça tornar-se num enorme desastre ambiental. A embarcação, descrita como uma "bomba flutuante" encontra-se ancorada no terminal marítimo de Ras Isa, no Mar Vermelho.

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Um petroleiro abandonado na costa do Iémen ameaça tornar-se numa enorme catástrofe ambiental. A embarcação, descrita como uma "bomba flutuante" encontra-se ancorada no terminal marítimo de Ras Isa, no Mar Vermelho.

O SaferTanker pertence à maior companhia petrolífera do Iémen e foi usado durante décadas como terminal flutuante de armazenamento e descarregamento de petróleo. De acordo com as Nações Unidas, a embarcação ficou sem manutenção em 2015, quando os Houthi, apoiados pelo Irão, se revoltaram contra as autoridades do Iémen (apoiadas pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos).

Segundo a mesma fonte, os rebeldes negaram o acesso de uma equipa técnica da ONU ao navio. "Esta situação é extremamente frustrante porque eles escreveram às Nações Unidas, no ano passado, para solicitar assistência, prometendo facilitar o nosso trabalho", declarou, na semana passada, Mark Lowcock, secretário-geral-adjunto para os Assuntos Humanitários da ONU.

Navio pode explodir a qualquer momento

A acumulação de gases voláteis do petróleo e a corrosão provocada pela água do mar pode levar, a qualquer momento, à explosão da embarcação, libertando mais de 1 milhão de barris de crude para o mar. "De acordo com a estação do ano e em função das correntes, o derrame pode atingir a área de Bab el Mandeb até ao Canal de Suez e possivelmente até ao Estreito de Ormuz", alertou o responsável da ONU, no mês passado."Deixo-vos imaginar os efeitos de um tal desastre no meio ambiente, nas rotas de navegação e na economia global", acrescentou Mark Lowcock.

Meio Ambiente e Economia

Na semana passada, o governo do Iémen, reconhecido pela ONU, anunciou nas redes sociais que o derrame petrolífero do SaferTanker seria pior que o do Exxon Valdez, em 1989, em que 260 mil barris de petróleo foram parar às águas do Alasca. Um derrame que é considerado o pior desastre ambiental causado pela humanidade.

Em caso de catástrofe, as comunidades ligadas ao Mar Vermelho, no Egipto, na Eritreia, em Israel, na Arábia Saudita, no Sudão e no Iémen seriam fortemente prejudicadas.

"O Exxon Valdez descarregou o petróleo nas águas frias do Alasca, um derrame que se processou mais lentamente comparativamente às águas quentes do Mar Vermelho. Ras Isa fica perto de uma das poucas áreas protegidas do Iémen, perto da ilha de Kamaran, cujos recifes de coral são um suporte para a pesca local ", afirmou Doug Weir, investigador do Observatório dos Conflitos e Ambiente, no Reino Unido, numa publicação, nas redes sociais, em Maio.

O impacto na economia global pode ser colossal. Um estudo realizado por um instituto de investigação italiano, o SRM, estima que 9% das embarcações petrolíferas passaram pelo Canal de Suez em 2018. O Departamento de Energia dos EUA calculou que, em 2016, 4,8 milhões de barris de produtos petrolíferos refinados passaram, diariamente, pelo Estreito de Bab el-Mandeb. Por outro lado, um terço dos produtos derivados do petróleo transita pelo Estreito de Hormuz.

A questão financeira poderá estar na base do atual impasse, com os Houthis a tentarem negociar o encaixe do lucro do petróleo presente na embarcação, antes de garantirem o acesso da equipa técnica da ONU ao navio.

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