Abraços entre líderes da Frelimo e da Renamo selam acordo de paz

Felipe Nyusi (Frelimo) e Ossufo Momade (Renamo) após a assinatura do acordo
Felipe Nyusi (Frelimo) e Ossufo Momade (Renamo) após a assinatura do acordo Direitos de autor Associated Press
De  Francisco Marques com Associated Press e Lusa
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O presidente de Moçambique, Felipe Nyusi, e o líder da oposição, Ossufo Momade, assinam tratado que pretende encerrar de forma permanente a violência armada no país

PUBLICIDADE

A assinatura de um novo acordo de paz entre os líderes da Frelimo, o partido no poder desde a independência de Moçambique, e o da Renamo foi selada com abraços, uma expressão simbólica do que ambos esperam ter alcançado nesta cerimónia realizada na região da Gorongosa.

O Presidente Filipe Nyusi e o líder da oposição Ossufo Momade, esperam ter colocado um ponto final permanente no longo conflito armado no país e nas desconfianças eleitorais que há cerca de seis anos provocaram uma nova escalada de hostilidades armadas entre as partes.

"A partir de hoje, abre-se uma nova era na história do nosso país onde nenhum moçambicano ou grupos de moçambicanos deve utilizar a violência armada como meio de solucionar diferenças políticas ou de opinião", afirmou o presidente moçambicano e líder da Frelimo, Filipe Nyusi, no discurso após a ratificação das tréguas e antes de dar um novo abraço ao líder da oposição, num gesto sempre muito saudado pela plateia.

Antes já tinha tomado da palavra Ossufo Momade, num discurso onde vincou o desejo de futuros atos eleitorais livres, democráticos e insuspeitos em Moçambique.

"Perdemos concidadãos e consentimos sacrifícios de ambas as partes, mas conseguimos identificar o que nos une como moçambicanos: a paz e a reconciliação nacional", especificou o líder da Renamo.

Conflito armado desde 1977

Moçambique foi palco de um conflito armado entre a Frelimo, o partido no governo desde a independência, e a Renamo, a principal força da oposição.

O "machado" da guerra civil foi "enterrado" num Acordo Geral de Paz assinado em 1992, após a morte de centenas de milhares de pessoas.

A relação entre os dois partidos nunca se tornou verdadeiramente pacífica e, em 2013, as hostilidades armadas voltaram a intensificar-se após diferendos sobre a composição da Comissão Nacional de Eleições.

Após um ataque militar das forças governamentais à base da Renamo na Gorongosa, o partido da oposição anunciou o fim do acordo de paz de 1992 e Moçambique voltou a viver no medo de uma guerra civil até um novo acordo de paz alcançado em agosto de 2014.

As eleições de outubro desse ano, favoráveis à Frelimo e que valeram a Nyusi a chegada à Presidência da República, provocaram o reacender das hostilidades, com a Renamo a contestar os resultados e ameaçou tomar o controlo a bem ou mal de pelo menos seis províncias onde alegava ter ganho.

Um novo acordo de tréguas por um período indeterminado foi estabelecido em 2016 entre Filipe Nyusi e o então líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

Dhlakama morreu em maio do ano passado e Ossufo Momade assumiu a liderança do partido na oposição.

As negociações de paz já em curso entre Nyusi e Dhlakama tiveram continuidade e culminaram, agora, num primeiro acordo de um processo de paz que ainda vai continuar e que para já prevê inclusive a integração de membros do braço armado da Renamo nas forças de segurança moçambicanas.

Editor de vídeo • Francisco Marques

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Paz não pode ser renegociada

Processo de paz sem Dhlakama

Mulheres palestinianas denunciam abusos por parte das forças israelitas