Iniciativa só reuniu 293 votos favoráveis dos 434 necessários
O Parlamento britânico vetou, pela segunda vez, a proposta do Governo para organizar eleições antecipadas a 15 de outubro.
O primeiro-ministro, Boris Johnson, tinha argumentado que as eleições legislativas eram a única forma de os britânicos decidirem se o "Brexit" se deve concretizar a 31 de outubro ou se deve ser pedido um novo adiamento. Perante o desfecho manteve-se inflexível. Disse que poderão até tentar atar-lhe as mãos, mas que não adiará a saída do Reino Unido da União Europeia: "Irei a Bruxelas. O nosso Governo irá a Bruxelas a 17 de outubro negociar a saída a 31 de outubro. Esperemos terminar com um acordo, mas se for preciso fá-lo-emos sem acordo. Não pedirei outra extensão."
O parlamento ficará suspenso até 14 de outubro, cumprindo-se uma ordem do próprio primeiro-ministro. Johnson acusou o líder do Partido Trabalhista de negar uma oportunidade de chamar os britânicos às urnas. Jeremy Corbyn reagiu: "Estamos ansiosos por uma eleição. Mas, por mais que o desejemos, não estamos prontos para arriscar infligir o desastre de um não-acordo sobre nós, as nossas comunidades, empregos, serviços e direitos."
A crise política fez, entretanto, mais uma vítima. O Presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, anunciou que deixará o Parlamento, o mais tardar a 31 de outubro: "Não é uma prorrogação normal, típica, padrão. É uma das mais longas em décadas e representa, não só nas mentes de muitos colegas, mas para um grande número de pessoas, um ato de decreto executivo."
A demissão surge entre especulações de que Johnson tentaria bloquear uma reeleição de Bercow depois de novas eleições.
Boris Johnson está agora refém de uma lei, aprovada pelo parlamento e com consentimento real, que obriga o executivo a adiar a saída do Reino Unido da União Europeia até 2020 a não ser que conseguisse um acordo de divórcio até 19 de outubro.