Produtores de Rouen e arredores sofrem com efeitos de fogo industrial

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Incêndio deflagrou numa fábrica de produtos químicos e obrigou à mobilização de mais de duas centenas de bombeiros

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O incêndio de grandes dimensões que deflagrou no final de setembro numa fábrica de produtos químicos na cidade francesa de Rouen provocou uma espessa nuvem de fumo que chegou à Bélgica e à Holanda.

Enquanto prosseguem as investigações ao grau de contaminação, muitos produtores locais foram obrigados a destruir produtos perecíveis. O cenário continua a ser negro, como explica o produtor de queijo Charlie Alleaume, que trabalha a cerca de 50 quilómetros de Rouen: "É o princípio da precaução. Os produtores de leite tiveram de despejar o leite no poço ou no chão. Como produtores com Denominação de Origem Protegida (DOP) continuámos a produzir e colocámos em quarentena as nossas salas secas. Financeiramente, o problema é que continuamos a trabalhar mas não podemos vender. Por isso, temos cerca de 35 mil queijos bloqueados na nossa cave e continuamos à espera. Temos de continuar a pagar aos nossos funcionários. Estamos há 15 dias a trabalhar sem saber o que acontecerá."

De acordo com o ministro da Agricultura, 3 mil agricultores foram afetados pelo fogo, com prejuízos entre os 40 e os 50 milhões de euros. Uma quantia que deverá ser coberta por um fundo especial que a fábrica de produtos químicos Lubrizol prometeu criar.

Em Rouen, outros negócios dizem ter sido afetados e alegam que o fundo não tem cobertura suficiente, refere Fabien Grouselle, diretor de Economia Local e de Cooperações Internacionais na autarquia local: "As lojas da baixa foram afetadas pela catástrofe, por várias razões. A principal é que a nuvem de fumo teve impacto nos números de visitantes, especialmente na quinta-feira, o dia do fogo, mas também na sexta-feira e no sábado, com os números de clientes cerca de 50% abaixo do normal."

Além dos pequenos comerciantes, fornecedores, subcontratadores e clientes da Lubrizol também tiveram de reduzir a produção e as horas de trabalho dos funcionários. Motivo suficiente para muitos questionarem se as indústrias químicas devem operar tão perto de grandes vilas ou cidades?

"A primeira lição a aprender com esta experiência é que precisamos, sem qualquer dúvida, dar aos habitantes informação melhor, séria, rigorosa e independente. Também precisamos de olhar mais de perto para as garantias a ser aplicadas para conciliar qualidade de vida, a preservação do ambiente e a presença industrial em determinado território. É preciso lembrar que a região Seine-Maritime é uma área industrial. As fábricas estão aqui quase desde sempre. Mas é legítimo que as pessoas esperem mais em termos de segurança", sublinha Christophe Bouillon, presidente da missão de Informação da Assembleia Nacional.

Guillaume Desjardin, Euronews - As investigações prosseguem para perceber como é que uma catástrofe deste tipo foi possível, apesar do forte escrutínio de segurança sob a diretiva europeia SEVESO. Esta diretiva foi criada depois da catástrofe ecológica de 1976 na cidade italiana de Seveso. Desde então tem sido atualizada a cada acidente industrial de relevo. O fogo na Lubrizol deverá conduzir a uma nova atualização.

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