Em conferência de imprensa, em Washington, o presidente do EUA insistiu no papel decisivo dos EUA no quadro da tensão entre Ancara e Damasco
Os EUA vão levantar as sanções impostas à Turquia como retaliação à ofensiva militar na Síria. Donald Trump garantiu isso mesmo esta quarta-feira, no rescaldo de um acordo anunciado entre a Rússia e a Turquia para manter o cessar-fogo no nordeste sírio.
O presidente dos EUA sublinhou que Ancara declarou a trégua permanente e que o cessar-fogo foi criado pelos EUA: "O Governo da Turquia informou a minha administração que iria parar a ofensiva na Síria e tornar o cessar-fogo permanente. Será verdadeiramente permanente. Dei ordem ao secretário do Tesouro para levantar todas as sanções impostas a 14 de outubro em resposta à ofensiva inicial da Turquia contra os curdos na região fronteiriça no nordeste da Síria. As sanções serão levantadas a não ser que algo aconteça. Este resultado foi criado por nós. Pelos EUA e ninguém mais. Nenhuma outra nação."
Mas vozes russas elencam outro cenário. A polícia militar russa começou as patrulhas em território sírio, próximo da fronteira com a Turquia.
De acordo com o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência Interfax, Moscovo está em controlo da situação e espera que os curdos saiam voluntariamente.
Já a agência RIA Novosti cita uma fonte da diplomacia russa para dizer que Moscovo esteve em contacto com os EUA sobre o acordo com a Turquia em relação à Síria.
Em entrevista exclusiva à Euronews, a embaixadora dos EUA junto da NATO, Kay Bailey Hutchison, mostrou-se cética em relação a novo papel da Rússia: "Esperamos o melhor, mas ainda não temos certeza se a Rússia será uma força de estabilidade e se será uma força para bem? Apoiaram Assad que matou o próprio povo. Não é uma boa coisa. Mas será que agora que têm uma pegada maior mudarão?"
Entre vencedores e vencidos no xadrez geopolítico, a população curda não parece satisfeita, mesmo apesar do fim da ofensiva.
Esta quarta-feira, centenas de manifestantes saíram às ruas de Qamishli, cidade de maioria curda, no nordeste da Síria. Denunciaram o acordo entre a Rússia e a Turquia e marcharam rumo a uma representação das Nações Unidas com bandeiras e fotografias de combatentes das Forças Democráticas Sírias.