Grupo composto por populares participa ativamente na luta contra o crime. As autoridades não vêem a iniciativa com bons olhos
São a resposta de Barcelona ao crescente sentimento de insegurança mas não são vistos com bons olhos pelas autoridades locais. Os Anjos da Guarda são formados por cidadãos comuns, distinguem-se pelo uniforme e patrulham a cidade condal na luta contra o crime.
O movimento nasceu em Nova Iorque nos anos setenta mas os métodos na luta contra o crime nem sempre escaparam à controvérsia e incluíram encenações para ganhar popularidade. Para os Anjos da Guarda atuais, o cenário hoje em dia é radicalmente diferente.
Sarge, que foi polícia no Reino Unido e está radicado em Barcelona, é um dos Anjos:
"Já vi muitas coisas, já impedi muitas coisas... é assim que sou, odeio ver qualquer coisa acontecer e não fazer nada. Tentamos falar e acalmar a pessoa, em vez de pegar nela e começar uma luta. Aquilo que lemos nos jornais antigos é uma imagem dos Anjos da Guarda que já não corresponde à realidade."
Os crimes violentos subiram 30% em Barcelona em relação ao ano passado. A pequena criminalidade também tem vindo a aumentar, o que contribui para a inquietação generalizada.
No entanto para a criminóloga, Helena Mulero, o aumento da sensação de insegurança está mais relacionado com o aumento dos roubos com violência, que causam essa sensação, do que propriamente com um aumento generalizado do crime.
Os cidadãos de Barcelona estão a organizar-se para travar a onda de pequenos crimes, mas as autoridades já avisaram que não podem fazer justiça pelas próprias mãos. A polícia local ameaça identificar os cidadãos que integram as patrulhas e garante que estes arriscam uma multa por assumir responsabilidades reservadas aos agentes da lei.
Os avisos das autoridades são uma constante desde a fundação do grupo mas os Anjos da Guarda asseguram que irão continuar.
A polícia de Barcelona nega que a cidade atravesse uma crise de segurança e sublinha que a criminalidade está a par de outras grandes cidades europeias. Ainda assim admite que já reforçou o efetivo e que registou um aumento de 80% nas detenções efetuadas por crimes violentos.