Nove mortos na sequência de controversa operação policial

Polícia controla perímetro do local onde ocorreu a controversa operação de Paraisópolis
Polícia controla perímetro do local onde ocorreu a controversa operação de Paraisópolis
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De  Francisco Marques
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Seis agentes de autoridade terão invadido uma festa de rua em Paraisópolis, perseguindo dois suspeitos. Houve troca de tiros. O pânico terá provocado a tragédia

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Nove pessoas morreram, entre elas uma mulher, na sequência de uma alegada perseguição policial seguida de tiroteio, durante uma festa de rua na madrugada de domingo, em Paraisópolis, uma das maiores favelas do Brasil, situada em São Paulo.

O pânico gerado terá sido a causa da tragédia, alega a polícia paulista.

"A Informação que temos até ao momento é que as nove pessoas morreram esmagadas. Não há nenhuma com perfuração de arma de fogo ou qualquer outra lesão que sugira outra coisa", revelou em conferência de imprensa o tenente-coronel da polícia de São Paulo, Emerson Massera.

As autoridades alegam ter-se tratado de uma perseguição a dois suspeitos que furaram um controlo policial conduzindo uma moto, tendo escapado por entre a festa de rua conhecida como "Baile da 17", que decorria na favela com a presença de milhares de pessoas.

Os agentes bloquearam os dois extremos da rua principal por onde teriam avançado os suspeitos, alegam ter havido uma troca de tiros com os fugitivos e dizem ter sido atacados com garrafas e pedras pelos populares, tendo respondido "com balas de borracha e granadas de efeito moral".

Em pânico, muitas das pessoas tentaram escapar pelas estreitas ruelas da favela, algumas caíram e acabaram pisadas por outras. Além dos nove mortos, há registo de pelo menos sete feridos.

"Pancadões" de Paraisópolis


Paraisópolis, na zona sul de São Pualo, é uma das maiores favelas do Brasil, com cerca de 100 mil habitantes. Localiza-se próximo do Estádio do Morumbi, a "casa" do São Paulo FC, e do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo paulista.

A favela é palco de diversos "pancadões", festas de rua animadas por música denominada como "funk favela" e muito procuradas por jovens.

Só neste último sábado, sublinha o site G1, a polícia acompanhou mais de 200 festas de rua na cidade. O "Baile da 17" é um dos "pancadões" mais famosos de Paraisópolis.

Testemunhas falam de "uma emboscada" montada pela polícia paulista e várias pessoas denunciam ter sido agredidas pelos agentes com cassetetes e pontapés.

Diversos vídeos amadores colocados a circular pela internet mostram agentes a agredir pessoas.

Foi aberta uma investigação ao procedimento seguido na operação policial. Os vídeos das supopstas agressões estão a ser verificados para comprovar a veracidade dos mesmos. Seis agentes envolvidos prestaram depoimento sobre o ocorrido.

"É difícil analisar neste primeiro momento se o procedimento foi o correto. Um dos objetivos do inquérito da polícia militar é avaliar se houve alguma falha nesse procedimento", explicou Emerson Massera, garantindo que os suspeitos em fuga terão "usado pessoas como escudos humanos" e que "houve necessidade do uso de munição química" para reprimir a alegada reação agressiva dos populares.

Residentes de Paraisópolis realizaram um protesto este domingo à noite, exigindo uma investigação célere e justa ao sucedido.

Os participantes na manifestação empunharam cruzes e cartazes onde se lia, por exemplo, "A Favela pede Paz" e "Luto".

Editor de vídeo • Francisco Marques

Outras fontes • TV Record, Globo, Estadão, Folha de São Paulo

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