Escândalo revelado pela antiga campeã Sarah Abitbol colocou Federação de Desportos no Gelo e Ministério dos Desportos em rota de colisão.
É um escândalo que está a abalar o desporto francês. A ex-patinadora Sarah Abitbol, antiga campeã de França e agora com 44 anos, acusou o treinador Gilles Beyer de a ter violado enquanto era menor de idade.
Mas o caso tornou-se entretanto político. A ministra dos Desportos do país, Roxana Maracineanu, tomou uma posição de força e exigiu mesmo a demissão do presidente da federação francesa de desportos no gelo.
"O presidente da Federação, Didier Gailhaguet, não pode se eximir de suas responsabilidades morais e pessoais. Por isso, pedi-lhe que assumisse todas as suas responsabilidades e que se demitisse do seu cargo de presidente da Federação", afirmou.
Os abusos a Sarah Abitbol terão ocorrido entre 1990 e 1992, numa época em que Didider Gailhaguet ainda não era o presidente da federação.
No entanto, Gailhaguet é acusado de encobrir o caso, ao manter Gilles Beyer na estrutura da federação já nos anos 2000, mesmo depois de ter surgido uma queixa de outra patinadora e de ter havido uma investigação. Mas Didier Gailhaguet foi duro no contra-ataque.
"Os primeiros responsáveis são aqueles que permitiram que estes atos acontecessem. Gostaria, claro, de citar o Ministério e o Ministro dos Desportos dessa altura. A sua incompetência, os seus inúmeros passos em falso, que deixaram pessoas entrarem no gelo num desporto onde os menores podem ser campeões e estão, por isso, mais vulneráveis. Esta questão devia ter sido resolvida", atirou.
O presidente da federação prometeu novas declarações para quarta-feira, mas escusou-se a falar em demissão.
Depois da revelação de Sarah Abitbol, uma investigação do jornal L'Équipe divulgou a existência de mais casos de abuso e denunciou a existência de um "código de silêncio" sobre o tema.