Coronavírus começa a "infetar" as contas das companhias aéreas

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De  Francisco Marques
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Associação Internacional de Transporte Aéreo estima um impacto negativo do Covid-19 de €27,1 mil milhões nas estimativas de receita no setor da aviação mundial

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As grandes companhias aéreas mundiais estão a rever de forma bem negativa as estimativas de receitas previstas para este ano devido às medidas de contenção contra a epidemia de Covid-19.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla original) estima uma redução de 4,7% de passageiros devido ao novo coronavírus, o que terá um impacto negativo global de €27,1 mil milhões em comparação às estimativas anteriormente conhecidas para 2020.

O grupo Air France-KLM anunciou esta quinta-feira a previsão de uma quebra entre os €150 milhões e os  €200 milhões devido à suspensão de voos para a China até final de março.

As medidas para tentar evitar uma maior propagação deste novo coronavírus começaram no setor da aviação comercial há cerca de duas semanas e, para a maioria das companhias aéreas, resultam num revés perante a melhoria global nas tensões comerciais dos últimos meses.

Para tentar evitar a importação do Covid-19 e perante também uma redução de reservas, a australiana Qantas Airways decidiu manter em terra cerca de 18 aviões, congelou o recrutamento de novos colaboradores e pediu aos empregados para usarem já as férias a que têm direito este ano.

A companhia aérea australiana antevê um impacto negativo do novo coronavírus acima dos €90 milhões de euros.

A aviação chinesa será, contudo, a mais afetada devido às fortes restrições impostas pelo Governo, que ordenou a suspensão inclusive de muitos voos internos. A IATA antevê um impacto de quase €12 mil milhões só nas contas chinesas deste ano.

O mercado da aviação chinês era considerado o terceiro mais forte do mundo e as projeções apontavam para que pudesse vir mesmo a destronar o do Estados Unidos, tornando-se no decorrer desta década no "número 1".

Tudo mudou com o novo coronavírus. A redução dos voos internos, a quebra da procura individual e institucional, a suspensão de rotas pelas companhias estrangeiras já motivou a queda do mercado da aviação chinesa para o 26.° lugar da classificação mundial, logo atrás de Portugal.

As restrições de viajar impostas num mercado turístico tão forte quanto o chinês e a proximidade com destinos mais tradicionais durante o período de inverno na Europa ameaçam também o setor hoteleiro.

Os registos de Bali, na Indonésia, apontam para cerca de 40 mil cancelamentos nas reservas de hotel nestas últimas semanas.

Em Portugal, devido a uma dependência ainda pequena do mercado chinês, o impacto é mínimo, mas há registo de alguns cancelamentos nas proximidades do Santuário de Fátima.

Sendo um país europeu sem registo de casos confirmados de infeção, Portugal poderá por outro lado tornar-se num destino de férias seguro para muitos turistas receosos agora de rumar à Ásia.

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