O que sabe ou até que ponto se preocupa com a origem do que come? À medida que aumentam as preocupações com a sustentabilidade e a segurança alimentar, há um movimento crescente que defende a agricultura vertical para os restaurantes e para os consumidores.
Esta semana, em Focus, vamos saber porque o Dubai está empenhado em reduzir a distância entre a “quinta e a mesa”.
Da Quinta para a Mesa
Nos países do Conselho de Cooperação do Golfo, os terrenos aráveis representam apenas 1% do total dos terrenos. No entanto, a agricultura e a irrigação utilizam mais de 50% do abastecimento de água. E, atualmente, os países do bloco importam 90% dos alimentos.
A Emirates Bio Farm é a maior quinta privada de fruta e legumes biológicos dos Emirados Árabes Unidos e um espaço que dá formação. A sustentabilidade e a redução do desperdício têm vindo a aumentar nos últimos anos e a questão da segurança alimentar é ainda mais importante - cada vez mais queremos que os recursos sejam abundantes perto de casa.
Yazen Al Kodmani, Gestor da Emirates Bio Farm, sublinha as vantagens da agricultura vertical. "Da quinta para a mesa" é um conceito recente. A ideia é tentar encontrar o que está disponível em cada estação do ano. Saber com o que posso cozinhar. Acabamos por comer comida fresca e mais nutritiva, e por reduzir a pegada de carbono, uma vez que os alimentos que estamos a comer não percorreram milhares de quilómetros".
De onde vêm os alimentos?
Do outro lado da cidade, em Madinat Jumeriah, há um novo festival alimentar sustentável que tem como objetivo informar e desafiar os consumidores.
Para Hemant Julka, co-fundador da VeggiTech, os seres humanos deixaram de ter a vontade ou a curiosidade de saber de onde vem a comida. Explica-nos que esse é um problema que a sua empresa quer resolver e mosta-nos de que forma podemos rastrear o percurso dos alimentos.
"Temos a tecnologia e o software que cria um código. O código é a ponta do iceberg. Depois basta clicar no link e vamos saber tudo sobe o alimento: a data em que foi plantado, a quantidade de produção, tudo o que é introduzido no local da exploração, todas as horas de trabalho, a maquinaria, e até conseguimos ver a planta do campo de onde veio.
A tecnologia e a sustentabilidade são uma prioridade para produtores, consumidores e também para o governo.
Mariam Hareb Almheiri, ministra responsável pela Saúde Alimentar dos Emirados Árabes Unidos, sublinha os avanços nesta área.
"Se olharmos para a definição de segurança alimentar, o que está em causa é como permitir que os cidadãos de um país tenham sempre acesso a alimentos seguros, suficientes, nutritivos e a preços acessíveis. Consideramos que a tecnologia está agora disponível para garantirmos nos Emirados Árabes Unidos, de forma sustentável e económica, alguns alimentos como legumes e peixe.
O Centro Financeiro Internacional do Dubai adicionou uma "mesa sustentável" e o menu utiliza uma grande quantidade de produtos locais: 80 a 90% dos legumes e mariscos.
Para o chef Matthijs Stinnissen é importante saber que os ingredientes são produzidos localmente.
"Na verdade, há muitas quintas e também há aqui marisco fantástico. As pessoas esquecem-se que temos centenas de quilómetros de costa e os mariscos são espantosos. Depende apenas do que se faz com eles, o mesmo acontece com os legumes.
Como a sustentabilidade alimentar continua a ser uma prioridade global - a viagem da quinta até à mesa é cada vez mais curta e há menos desperdício. O sabor continua bom, ou talvez melhor.