Semana Santa sem procissões, pela primeira vez em séculos

Semana Santa sem procissões, pela primeira vez em séculos
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De  Ricardo FigueiraJaime Velázquez
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O confinamento provocado pela epidemia de Covid-19 faz com que Espanha celebre a Páscoa sem as procissões que se tornaram símbolo mundial. Reportagem da euronews.

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Atingidos pela pior pandemia em pelo menos um século, os espanhóis celebram desta vez a Páscoa em casa, enquanto muitos choram a morte de familiares. A loja das velas está fechada, tal como a loja de recordações". A Igreja de Jesus de Medinaceli, o Cristo mais adorado de Madrid, está sossegada, contrastando com o frenesim de outras semanas santas.

"A Semana Santa é uma das festas mais populares para os cristãos de Espanha. Numa sexta-feira santa, como hoje, teriam aqui grandes multidões à espera de ver a procissão a sair da Igreja. Mas desta vez, as portas de todas as igrejas em Espanha permanecerão fechadas", conta o repórter da euronews Jaime Velázquez.

Todas as procissões da Páscoa foram proibidas, devido ao confinamento obrigatório decidido a nível nacional. As igrejas espanholas vão transmitir via Internet os eventos do ano passado e as missas a que os fiéis vão poder assistir em casa. Estragados ficaram mas os meses de ensaios para a procissão. A hora é de rezar pelas vítimas.

Diz Óscar Morales, membro da confraria de Medinaceli: "É neles que temos de concentrar as nossas orações, tal como nos trabalhadores da saúde e membros das forças de segurança".

A confraria de Medinaceli tenta que, este ano, os eventos aconteçam não na rua, mas nas redes sociais. Pablo Latorre, jovem membro da mesma confraria, mostra a sua procissão feita com figurinhas: "São dias difíceis, principalmente porque este ano não há procissão. Por isso tive a ideia de fazer a minha própria procissão do Cristo de Madinaceli".

euronews
A "mini-procissão" de Pabloeuronews

Juan Peña é cantador flamenco. No ano passado cantou uma saeta ao cristo de Medinaceli. A Saeta é um trecho que os espanhóis costumam cantar da varanda à medida que a procissão passa.

Conta: "Poder exprimir com os meus gemidos, com o meu canto, o que um povo está a sentir significa tudo, para mim."

Este ano, vai ter de ficar em casa, mas não renuncia à tradição: "A Saeta que quero cantar, é muito famosa, mas adaptei-a ao momento que estamos a viver, com o coronavírus. É um canto a Deus para que nos dê uma mão, nos ajude a seguir em frente, para que acabem as mortes e esta pandemia que está a castigar o mundo inteiro".

É a primeira vez em séculos de história que não há qualquer procissão na Semana Santa em Espanha - mesmo se, durante a II República (1931-1939), estas foram raras e sempre ameaçadas pelas autoridades, sendo que em 1933 quase não houve procissões, embora algumas tenham conseguido sair.

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