Donald Trump acusado de cometer "crime contra a humanidade"

Presidente dos Estados Unidos fala sobre a pandemia nos jardins da Casa Branca
Presidente dos Estados Unidos fala sobre a pandemia nos jardins da Casa Branca Direitos de autor AP Photo/Alex Brandon
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Decisão de suspender o financiamento dos Estados Unidos à Organização Mundial de Saúde em plena luta contra a pandemia de #Covid19 coloca chefe de Casa Branca no alvo das críticas

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Donald Trump está a ser acusado pelo Chefe de Redação da prestigiada revista médica The Lancet de cometer "um crime contra a humanidade" com a decisão de suspender o financiamento dos Estados Unidos à Organização Mundial de Saúde em plena luta contra a Covid-19.

"Todos os cientistas, todos os profissionais de saúde, todos os cidadãos devem resistir e revoltarem-se contra esta terrível traição à solidariedade social", escreveu Richard Norton na rede social Twitter, numa publicação acompanhada pela hiperligação a uma notícia sobre a decisão do chefe da Casa Branca de suspender o apoio à OMS.

A decisão do Presidente dos Estados Unidos foi anunciada terça-feira e tem por base alegadas falhas na gestão inicial da pandemia provada pelo novo coronavírus.

Tivesse a OMS feito o trabalho de enviar especialistas médicos para a China para avaliar objetivamente a situação no terreno e nos tivesse alertado para a falta de transparência da China, o surto podia ter sido contido na fonte com muito poucas mortes. Isso teria salvo milhares de vidas e evitado prejuízos económicos por todo o mundo.
Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos

O próprio Trump tem sido criticado pela forma como menosprezou a pandemia e pela lenta reação da respetiva administração à propagação do vírus pelo mundo desde que foi oficialmente reconhecido pelo governo da China no início de janeiro.

Para o Secretário-geral das Nações Unidas, este não é o momento para cortar o apoio à OMS na luta contra a Covid-19.

"Este é um momento de união, para a comunidade internacional trabalhar junta em solidariedade para travar este vírus e as suas devastadoras consequências", afirmou o português António Guterres, num comunicado divulgado pela ONU.

Quando tivermos finalmente mudado a página desta epidemia, haverá um momento para olharmos para trás e perceber como esta doença surgiu e espalhou a devastação de forma tão rápida pelo globo, e como como todos os envolvidos reagiram à crise.

As lições aprendidas serão essenciais para enfrentarmos de forma eficaz desafios simlares.

Mas agora não é momento para isso. Também não é o momento para reduzir os recursos das operações da OMS nem de de outras organizações humanitárias na luta contra este vírus.
António Guterres
Secretário-geral da ONU

O apelo do secretário-geral da ONU foi reforçado pelas declarações de Amesh Adalja, um especialistas em doenças infeciosas da Universidade americana Johns Hopkins, entidade que tem vindo a seguir a pandemia quase desde o início e ajudado a perceber a propagação do vírus.

"Não é no meio de uma pandemia que se fazem este tipo de coisas", afirmou Amesh Adalja, citado pela Reuters num artigo onde reconhece que a OMS comete muitos erros e talvez precise de ser reformada, mas após a atual crise ter passado.

O especialista sénior da Johns Hopkins sublinha o trabalho da OMS na coleta de informação sobre o vírus em todos os países do mundo, que os Estados Unidos irão precisar na orientação de decisões sobre a eventual abertura de fronteiras.

Em Nova Iorque, o atual centro de maior incidência mundial da Covid-19, o governador local acusa Trump de se estar a portar "como um rei e não como o presidente de um país democrático" na imposição de relançar a economia americana sobrepondo-se aos governadores eleitos localmente nessa decisão.

Andrew Cuomo não pretender respeitar uma eventual ordem do Presidente para relançar a economia nova-iorquina durante a epidemia.

O estado de Nova Iorque tem registados atualmente mais de 200.000 casos de infeção e cerca de 15.000 mil mortes associadas à Covid-19, num total de quase 30 mil mortos em todos os Estados Unidos, já o país com mais óbitos no âmbito desta pandemia.

Outras fontes • Reuters, Johns Hopkins, Guardian

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