Fundo Monetário Internacional anuncia também uma forte degradação da dívida pública até ao final do ano.
Os efeitos da pandemia de covid-19 deverão ter efeitos profundos na economia portuguesa em 2020, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a prever um défice de 7,1% e um agravamento da dívida pública para 135% do Produto Interno Bruto (PIB).
Depois de ter alcançado um inédito excedente orçamental de 0,2% nas últimas décadas, o saldo orçamental português regista assim uma quebra muito acentuada, em linha com outros parceiros europeus afetados também pelo novo coronavírus. Já em 2021, o défice deverá situar-se em 1,9%.
Segundo o 'Fiscal Monitor' divulgado hoje pelo FMI, a dívida pública passará dos 117,7% do PIB de 2019 para 135% em 2020, regressando à trajetória de descida no ano seguinte, com uma previsão de 128,5% para 2021.
O saldo primário (sem despesas de juros da dívida pública) passará de um excedente de 3,1% do PIB em 2019 para um défice de 4% em 2020 devido à pandemia, voltando a um saldo positivo, de 1%, em 2021, de acordo com as previsões do FMI.
Segundo o anexo estatístico do FMI ao 'Fiscal Monitor', em percentagem do PIB a receita passará dos 43,3% em 2019 para os 42,9% em 2020, voltando a subir para os 43,4% em 2021.
O maior impacto deverá verificar-se mesmo na despesa em percentagem do PIB, que subirá dos 43,1% em 2019 para os 49,9% em 2020, baixando para os 45,3% em 2021.
O FMI projeta ainda que o diferencial entre as taxas de juro e o crescimento, em 2020 e 2021, seja de 3,6%, abaixo dos de Espanha e Itália (4,5%).
As necessidades de financiamento brutas de Portugal deverão ascender a 18,6% do PIB em 2020, segundo a instituição sediada em Washington.
O FMI prevê uma recessão de 8,0% da economia portuguesa e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020, devido à pandemia de covid-19, de acordo com as Perspetivas Económicas Mundiais divulgadas na terça-feira.
A economia da zona euro deverá ter uma recessão de 7,5% este ano, de acordo com o FMI, recuperando depois para um crescimento de 4,7%, e a taxa de desemprego agregada dos 19 países deverá subir dos 7.6% para os 10,4%, descendo depois para os 8,9% em 2021.
O FMI prevê ainda que a economia mundial tenha uma recessão de 3% em 2020, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19.