Covid-19 provoca braço-de-ferro entre Trump e governadores

População dos EUA começa a dividir-se sobre a gestão da epidemia de Covid-19
População dos EUA começa a dividir-se sobre a gestão da epidemia de Covid-19 Direitos de autor AP Photo/Michael Dwyer
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De  Francisco Marques com AP
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Diversos estados norte-americanos exigem manutenação do confinamento e mais armas na guerra à pandemia, mas o chefe da Casa Branca prefere reabrir o país

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Donald Trump está a ser fortemente criticado por diversos governadores dos Estados Unidos por ter alegadamente incitado protestos populares contra as medidas de confinamento, numa campanha iniciada no final da semana passada intitulada "Abrir a América outra vez" (Open America Again").

Trump manifestou pelas redes sociais o aparente apoio aos protestos contra o confinamento escrevendo, por exemplo, na sexta-feira, "libertem o Minnesota" e "libertem a Virgínia", dois dos estados onde algumas cidades foram palco de manifestações de rua, incluindo concentrações de centenas de pessoas sem qualquer distanciamento social, algumas afetas a grupos de extrema direita e inclusive armadas.

O Presidente acrescentou este domingo que os cidadãos "têm o direito de protestar" e defendeu os manifestantes como "pessoas que amam o país e que apenas querem voltar a trabalhar".

Para o governador de Washington, as mensagens de Trump foram "perigosas". "Não me recordo de ter havido um presidente americano que incita as pessoas a violar a lei. É perigoso porque pode motivar as pessoas a ignorar medidas que podem de facto salvar vidas", afirmou Jay Inslee.

A presidente do Congresso descreveu Trump como "um pobre líder" que "está sempre a tentar evitar a responsabilidade e a atribuir culpas".

"Penso que (estes protestos) são sobretudo uma distração e o Presidente aproveita-a sobretudo devido ao facto de não ter procedido devidamente a testagem, tratamentos, rastreio de contaminação e quarentena", considerou a "speaker", a democrata Nancy Pelosi.

Trump acelera produção de testes

Pressionado, o presidente norte-americano disse estar domingo estar "perto de finalizar uma segunda parceria para permitir aos fabricantes norte-americanos converter as respetivas fábricas na produção de mais de dez milhões de zaragatoas por mês", os cotonetes especiais usados para a realização de testes de despistagem da Covid-19.

"Estamos preparados para recorrer à Lei de Produção de Defesa ('Defense Production Act') para aumentar a produção de zaragatoas numa fábrica americana para mais de de 20 milhões por mês", garantiu Donald Trump.

A medida de aumentar a produção de material médico essencial na luta contra a epidemia de SARS-CoV-2 tem sido exigida por muitos governadores, entre eles alguns que Trump acusa de terem ido "longe demais" nas medidas de contenção do vírus.

Um dos mais críticos da alegada lentidão do Presidente é o governador de Nova Iorque, o estado mais afetado pela pandemia, com mais de 12.600 mortes associadas à Covid-19.

Andrew Cuomo sublinhou a queda no número de hospitalizações no estado pelo sexto dia consecutivo e considera que Nova Iorque está a mostrar ser "possível controlar a besta".

"Quando nos fechamos, nós conseguimos abrandar a taxa de contaminação, mas é apenas a primeira parte. Ainda temos de garantir que vamos manter a besta sob controlo e que as taxas de infeções e de hospitalizações continuam a cair. Ainda não acabou", avisou Cuomo, instando os cidadãos de Nova Iorque a manterem luta cerrada nesta "guerra" contra a pandemia.

Outras fontes • Guardian

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