Indícios sugerem que a covid-19 já estava na Europa em novembro

Compreender o passado para entender o presente e sobretudo, para preparar o futuro. Yves Cohen é médico na região parisiense e não hesita em dizer que a covid-19 já tinha chegado a França em dezembro. Chegou à conclusão depois de reanalisar amostras de doentes internados com pneumonia entre 16 de dezembro e 16 de janeiro hospital onde trabalha.
Refere que foram 14 pacientes e que um testou positivo a covid-19. Um homem de 53 anos, internado a 27 de dezembro. Caso se confirme, será o primeiro caso conhecido da doença na Europa e uma descoberta que pode mudar a nossa forma de encarar a covid-19.
O responsável pela unidade de cuidados intensivos do hospital de Avicenne refere que se pensava que o primeiro caso na Europa se tinha registado no fim de janeiro e que a crise se tinha iniciado cerca de um mês depois, pelo que esta descoberta sugere que o ritmo de contágio é mais lento do que pensavam, o que permitirá às autoridades agir bem mais cedo caso se venha a verificar um novo surto.
A nova estirpe do vírus já se encontrava presente na região de Paris em dezembro. Este estudo sublinha a importância de voltar a analisar amostras antigas para compreender melhor a pandemia antecipar melhor os problemas futuros.
A descoberta ganha relevância quando percebemos que aconteceu antes da China ter alertado a Organização Mundial da Saúde para a existência de um tipo desconhecido de pneumonia, agora identificado como covid-19, mas a presença do vírus na Europa pode ser ainda mais antiga.
A euronews teve acesso a um par de radiografias, tiradas no hospital de Colmar, no leste de França e uma das regiões mais atingidas durante a crise, que mostram lesões pulmonares similares às causadas pela covid-19. As radiografias datam de 16 de novembro, ou seja, quatro meses antes do início do confinamento para travar a progressão do vírus.
Para Laurent Gerbaud, responsável pelo serviço de saúde pública do hospital universitário de Clermont-Ferrand, o sistema de saúde francês falhou ao não dar o alerta mais cedo e é necessário um verdadeiro sistema para avisar a população, que está atenta ao que se passa nas unidades de cuidados intensivos. O médico acrescenta que quanto mais cedo forem capazes de dar o alerta, mais fácil será tomar as melhores decisões em termos de saúde.