Brasileiros manifestam-se após Bolsonaro "esconder" a epidemia

Apoiantes do presidente do Brasil marcharam no Rio, opositores em Brasília
Apoiantes do presidente do Brasil marcharam no Rio, opositores em Brasília Direitos de autor CARL DE SOUZA / AFP // AP Photo/Silvia Izquierdo
De  Francisco Marques com AP
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Em plena pandemia e com o Brasil já a somar mais de 35 mil mortos com Covid-19, Presidente ameaça seguir os passos de Donald Trump e retirar o país da Organização Mundial da Saúde

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A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi este domingo palco de uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, uma vez mais comparado a Hitler em cartazes dos opositores, mas também numa citação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, reproduzida no editorial do Financial Times.

O jornal britânico admite ser "exagerada" a comparação feita por Celso de Mello a 31 de maio numa comunicação pela rede Whattsapp, a que o jornal Estadão teve acesso, mas alega que presidente está "a gerar receios na democracia do Brasil" ao participar, "não uma, mas várias vezes", em protestos onde se pede uma intervenção militar no Brasil.

A mais recente controvérsia implicando Bolsonaro está ligada à pandemia.

O governo decidiu começar a omitir os dados completos sobre as vítimas da Covid-19 e defende ser para o melhor do Brasil.

A decisão levantou críticas e a Câmara de Direitos Sociais e Fiscalização de Atos Administrativos em Geral do Ministério Público Federal instaurou um processo extrajudicial para apurar os motivos que levaram o Ministério da Saúde, agora dirigido interinamente por um militar, a mudar a divulgação dos dados

Bolsonaro como Trump

Jair Bolsonaro ameaçou, entretanto, seguir os passos de Donald Trump no atrito com a Organização Mundial de Saúde, de quem tem discordado recorrentemente na gestão da epidemia do novo coronavírus, em especial sobre o uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-1E.

"Os Estados Unidos saíram da OMS e nós estamos a estudar fazer o mesmo no futuro. Ou a OMS trabalha sem desvios ideológicos ou nós vamos air também. Não precisamos de ninguém de fora a dar palpites sobre a saúde aqui dentro", afirmou o Presidente do Brasil, na noite de sexta-feira, junto ao Palácio da Alvorada, em Brasília.

Como exemplo dos desvios da organização de saúde afeta à ONU, Bolsonaro lembrou que "há poucos dias a OMS recomendou não prosseguir mais com os estudos sobre a hidroxicloroquina e agora voltou atrás", o que sucedeu após um estudo publico na revista médica The Lancet alegando perigo de vida no uso do medicamente ter sido retratado.

Este domingo, o protesto contra Bolsonaro em Brasília associou-se ao movimento "Black Lives Matter" ("A Vida dos Negros Importa"), pediu justiça igual para todos no Brasil, apelou ao respeito pelas mulheres e aos valores democráticos, e alguns cartazes faziam referência a um "estado genocida".

Como já é habitual ao domingo, o presidente voltou a ter apoiantes junto do Palácio do Planalto, mas desta vez também no Rio de Janeiro, onde correu a apelidada "Marcha da Família, pró-Bolsonaro, com Deus."

Não há registo de ter havido confrontos entre elementos das fações opostas.

De acordo com a contagem diria de mortes e infeções que continua a ser diovulgada, o Brasil soma mais de 35 mil mortos com Covid-19, incluídos em 646 mil casos de infeção confirmados, o que o torna no segundo país do mundo com maior presença do novo coronavírus, só atrás dos EUA.

O portal G1, da Globo, tem vindo, no entanto, a compilar os dados da pandemia junto das secretarias estaduais de Saúde e sugere que os números de vítimas são mais elevados, estimando haver já mais de 36 mil mortes registadas em quase 680 mil infeções diagnosticadas.

Outras fontes • agência brasil, G1, Estadão, Financial Times

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